Lula recebe título de doutor honoris causa no Rio

04/05/2012 - 16h32

Thais Leitão e Flávia Villela
Repórteres da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A solenidade de entrega do título de doutor honoris causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas cinco universidades públicas do Rio de Janeiro foi marcada hoje (4) por homenagens entusiasmadas e manifestações de apoio por parte da plateia formada por estudantes, representantes do meio acadêmico e políticos. O evento, que aconteceu no Teatro João Caetano, no centro da cidade, contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff. Entre os discursos, a presidenta ouviu cobrança pela consolidação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e um inesperado pedido de veto ao novo Código Florestal.

O ex-presidente Lula dedicou o título que recebeu das universidades a todos os que contribuem “com sua inteligência e esforço” para melhorar a qualidade da educação no Brasil, “dando esperança a milhões de jovens e construindo um país mais justo e solidário”.

Em seu discurso, Lula citou alguns programas implementados pelo governo federal para ampliar o acesso de jovens ao ensino superior, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que, segundo ele, possibilitou a entrada de mais um milhão de jovens de baixa renda em universidades.

“Os alunos do ProUni têm se destacado em quase todas as áreas liderando exames do MEC [Ministério da Educação]. Bastou uma chance e a juventude refutou com firmeza o mito elitista de que a qualidade é incompatível com a ampliação de oportunidades”, ressaltou.

O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto de Souza Salles, cobrou, durante seu discurso, a consolidação do Reuni, instituído em 2007 pelo governo federal, e aumento salarial para o magistério.

“Não podemos aceitar que nem o mínimo para professores da rede pública, previsto no Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], de R$ 1.400, não esteja sendo acatado pelos governos dos estados e municípios. Além disso, é inaceitável que um professor titular [de nível superior] em final de carreira, com regime de dedicação exclusiva, ganhe em torno de R$ 11 mil, enquanto um advogado da União ou um auditor fiscal recebe como salário inicial R$ 14 mil”, disse.

Salles acrescentou que para alcançar essas metas é fundamental que haja o repasse de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação até 2020.

Mestre de cerimônia do evento, a atriz Camila Pitanga quebrou o protocolo e pediu à presidenta Dilma que vete o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional. “Eu vou quebrar o protocolo por um instante só para fazer um pedido: Veta, Dilma”, disse.

A presidenta acenou e sorriu para a atriz.

Na porta do teatro, alunos do curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Macaé, no norte do estado, em greve há um mês, protestavam contra a falta de professores, de laboratórios adequados e de hospital escola para práticas clínicas.

Aluna do 6º período de medicina da UFRJ em Macaé, Carla Guedes Braga, disse que os alunos se sentem abandonados pela reitoria. “Somos fruto do Reuni, que é a expansão da universidade para o interior, e o nosso curso não recebeu os investimentos necessários nem a atenção da gestão da universidade. Estamos há três anos reivindicando uma série de coisas e chegou a um ponto que não podemos mais aguentar e tivemos que vir até aqui para reivindicar por melhorias”, disse.

A assessoria de imprensa do gabinete da reitoria informou que a instituição está em negociação com os estudantes. Alguns professores da UFRJ na capital fluminense devem reforçar o quadro de Macaé. Além disso, serão implementadas melhorias nos laboratórios e fechados convênios com clínicas especializadas para ampliar a prática médica para residentes.

Edição: Fábio Massalli