Comerciantes de Altamira aumentam lucros com instalação de Belo Monte

28/04/2012 - 12h47

Pedro Peduzzi
Enviado especial

Altamira (PA) – Para os comerciantes de Altamira, o início das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte resultou diretamente no aumento do movimento e dos lucros em seus estabelecimentos. Mas, com a falta de estrutura, boa parte dos dormitórios, restaurantes, pequenos mercados e ambulantes tiveram de improvisar com o que tinham para dar conta das demandas que não param de crescer.

O ambulante Egnaldo Lopes dos Santos, de 43 anos,está vendo seu negócio de salgados e sucos prosperar com a chegada da usina. “Faço isso há seis anos aqui em Altamira. Antes vendia 80 salgados por dia. Agora são 140, fora as 16 garrafas de suco”, disse o vendedor que tem, como ponto preferido, a sede do Sistema Integrado de Ensino do Pará (Sienpa), local onde o consórcio construtor recruta operários.

Lá, Egnaldo vende “uma merenda completa” (um salgado e um suco) a R$2,50 para as dezenas de pessoas que, todos os dias, ficam de plantão na esperança de conseguir trabalho em Belo Monte. “Com o aumento das vendas, está dando para comprar mais comida, roupa e material escolar para as crianças”, comemora o ambulante.

Com a chegada da usina, Egnaldo teve de “investir mais no negócio” e trocou a caixa de isopor, usada para manter a temperatura dos sucos, por uma de plástico. Além disso, pôde melhorar a estrutura da bicicleta adaptada para o negócio.

Outro lugar onde há muitos pretendentes a uma vaga na usina é a rodoviária da cidade. Ao lado dela, Neura Gomes da Fonseca, de 48 anos, tem um pequeno bar com duas mesas de sinuca.

“O movimento aumentou 40% e fica melhor no dia de pagamento, quando os moços que já estão trabalhando vêm aqui para comemorar o salário”, disse. “O chato é que meu aluguel também aumentou [passou de R$700 para R$1 mil], sendo que esse negócio sempre me deu apenas o suficiente para comer e pagar aluguel e energia”. Como mora no próprio bar, Neura não paga outro aluguel.

Próximo ao bar de Neura, Francisca Edineves, 44, apertou a família e abriu espaço na casa, que fica atrás do restaurante que tem, para transformá-la, também, em um dormitório com capacidade para dez pessoas. “A movimentação aqui aumentou, mas acho que em breve vai aumentar ainda mais”, acrescentou. “Para o meu negócio está ótimo. Raramente há vagas e, quando há, rapidamente é ocupada”.

Dona de um minimercado próximo ao centro de Altamira, Jaciléia Xavier de Melo, 31, diz que os produtos cujas vendas mais aumentaram “são os que não precisam ir ao fogo”, como enlatados (principalmente sardinha), macarrão, biscoitos, além de cigarros e bebidas.

“Nosso lucro aumentou por volta de 50% desde que os trabalhadores [de Belo Monte] começaram a chegar”, informou a comerciante. Ela diz que os comércios localizados próximos a pousadas são os mais beneficiados. “Aqui perto tem três vilas cujas casas foram alugadas recentemente por trabalhadores contratados pela usina. Isso certamente foi o que mais me ajudou a aumentar as vendas”, completou.

Edição: Fábio Massalli