Encontro de secretários do DF com empresário ligado a Carlinhos Cachoeira foi para tratar do lixo, diz Braga

13/04/2012 - 18h03

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, explicou hoje (13) que o encontro entre o ex-diretor da construtora Delta, Cláudio Abreu, - ligado ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira - e o secretário de Governo do Distrito Federal, Paulo Tadeu, e o secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa, foi uma reunião para tratar de problemas relacionados à questão do lixo.

A reunião teria ocorrido em um restaurante em Brasília, no dia 7 de abril de 2011, período em que Paulo Tadeu acumulava as tarefas da Casa Civil dentro da Secretaria de Governo. A secretária da Casa Civil foi criada posteriormente.

Segundo o porta-voz, a Delta estava enfrentando problemas para entrar no lixão e também com o recebimento de faturas. “Uma empresa prestadora de serviço pediu para falar com o secretário que cuida da área e o assunto que se tratava era o serviço prestado”, disse logo após a entrega da reforma da Central de Material Esterilizado e inauguração da Sala de Cirurgia Inteligente do Hospital de Base do Distrito Federal.

Braga negou que haja proximidade entre o ex-diretor da empresa e os secretários de governo que participaram da reunião. De acordo com Braga, o secretário de Saúde fez a intermediação porque ele havia feito parte da coordenação de campanha do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.

Barbosa negou hoje que tenha qualquer relação com o empresário Carlinhos Cachoeira. “Acho que 80% da cidade usa o telefone para cobrar alguma coisa do secretário de Saúde e no dia que essas pessoas estiveram num grampo, meu nome vai aparecer. Agora, quando eu estiver tratando de coisas escusas num grampo, podem me cobrar uma resposta. Nunca encontrei com o Carlinhos Cachoeira”, disse.

O porta-voz voltou a dizer que o governador foi apresentado ao empresário Carlinhos Cachoeira enquanto ainda era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) durante a visita a uma laboratório farmacêutico em Anápolis (GO).

Questionado sobre a denúncia, o governador Agnelo Queiroz, não quis comentar sobre o assunto e respondeu que tem “muito o que fazer”. “Eu estou cuidando de Brasília e meu porta-voz está falando sobre isso”.

As declarações ocorreram depois que gravações da Operação Monte Carlo, que investiga um esquema ilegal de jogos em Goiás, vazaram para a imprensa. Numa delas, o secretário de Saúde, Rafael Brabosa, é citado por Cláudio Abreu. Nessa mesma gravação, o governador e o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), João Monteiro, exonerado na última semana, também são citados.

Segundo informações divulgadas na imprensa, os diálogos gravados pela Polícia Federal, com autorização judicial, indicam que a construtora Delta pagou propina para receber o pagamento de serviços prestados ao governo do Distrito Federal. A construtora é responsável pela coleta de lixo em Brasília.

Cachoeira foi preso em fevereiro por atuação em jogos ilegais e Cláudio Abreu foi demitido em março deste ano.

Edição: Fábio Massalli