Prorrogação da desoneração do IPI é benéfica mas ainda tímida, dizem economistas

01/04/2012 - 17h38

Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para fogões, geladeiras e máquinas de lavar e a inclusão de novos setores como móveis e laminados resolvem apenas em parte o problema da indústria diante dos problemas que afetam o setor industrial. Segundo especialistas, medidas como essas são benéficas, mas ainda tímidas.

Nesse sentido, a desoneração da cadeia produtiva da linha branca defendida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) pode comprometer o objetivo de medidas como essa, consideradas “pontuais”. Na opinião do economista da Universidade de Brasília (UnB), Newton Marques, a extensão do benefício concedido para fogões, geladeiras, máquina de lavar e tanquinho pode causar reivindicação de outros setores.

“É arriscado o governo abranger demais porque os outros setores vão querer reivindicar também. O governo está fazendo renúncia fiscal para manter o nível de atividade econômica e absorver mão de obra. Mas a medida tem que ser pontual e não generalizada, porque se tirar muita receita prejudica a medida”, disse Marques.

O economista do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carlos Alberto Safatle, também disse que todos os setores precisam ser beneficiados. “Não pode privilegiar demais um setor e esquecer os outros. O governo precisa trabalhar uma política muito maior. As atuais medidas são muito tímidas e muito localizadas. Mas é claro que qualquer redução de preço é muita bem-vinda já que a gordura maior é da parte fiscal”.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, defendeu iniciativas mais amplas e concretas de apoio à indústria. Para Andrade, a extensão da isenção do IPI para toda a cadeia produtiva dos segmentos beneficiados daria novo “fôlego” a outros setores.

“A medida dá um fôlego aos setores, reduz custos e torna os produtos da linha branca mais competitivos diante dos similares importados, mas são necessárias iniciativas mais concretas. Gostaríamos que essas desonerações atingissem toda a cadeia produtiva da linha branca, como aço e plásticos, que não estão sendo beneficiados”.

Na semana passada, o governo prorrogou a redução do IPI para a linha branca em mais três meses para estimular o consumo e tentar reativar a produção industrial. O benefício que terminaria ontem (31) foi estendido até 20 de junho. A medida representará renúncia fiscal de R$ 489 milhões e as indústrias beneficiadas não podem demitir.

 

Edição: Rivadavia Severo