Representante de engenheiros e arquitetos rebate críticas da Fifa, mas reconhece atrasos na infraestrutura

05/03/2012 - 19h46

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As críticas do secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, de que as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 estão comprometidas pelos atrasos, não têm fundamento técnico. Na avaliação do coordenador do grupo de trata dos assuntos relativos à Copa e presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) de São Paulo, José Roberto Bernasconi, o evento não corre risco, ainda que alguns dos legados prometidos para a população fiquem aquém do esperado, principalmente na área de mobilidade urbana e nos aeroportos.

Valcke disse, no último dia 2, estar preocupado com os preparativos do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 por causa dos atrasos na construção de estádios e nas obras de infraestrutura de transportes e hotéis. Segundo ele, poucas coisas estariam funcionando no Brasil, e os organizadores precisam de "um chute no traseiro" para acelerar as obras.

“Tecnicamente falando, o Brasil terá todas as condições de fazer uma grande Copa do Mundo em 2014. Confio plenamente nisso. Vamos poder sediar adequadamente todas as 32 delegações”, disse Bernasconi à Agência Brasil. “A forma como Valcke se manifestou foi grosseira e inadequada. Não tem cabimento alguém de uma organização como a Fifa usar desses termos. É fora de propósito e merece todo o repúdio das autoridades brasileiras e de quem tem sensibilidade para como devem ser feitas as relações institucionais”, acrescentou.

Segundo ele, apenas os atrasos no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e na Arena da Baixada, em Curitiba, preocupam. “Mas ainda há tempo suficiente para [as obras] serem feitas”, avalia. Apesar de parada há um ano, a reforma do Beira-Rio será feita por uma construtora que, na avaliação de Bernasconi, “é suficientemente grande para concluí-la em um prazo curto, e competente para trabalhar em três turnos”.

“A Arena da Baixada, em Curitiba, também preocupa, mas é uma obra menor, e também dá tempo de fazer. Como esse estádio não está na lista dos que sediarão a Copa das Confederações, não deve haver riscos maiores para sua conclusão”, disse. Bernasconi acrescenta que os demais estádios estão de acordo com o coronograma previsto. “Alguns deles estão até adiantados em relação ao cronograma, caso dos estádios de Brasília e de Fortaleza (CE)”.

Os pontos mais críticos, segundo o engenheiro, são as obras de mobilidade urbana, hotelaria e nos aeroportos. “Valcke errou até na análise que fez sobre o Rio de Janeiro e São Paulo”. O secretário-geral da Fifa havia dito que apenas Rio de Janeiro e São Paulo teriam capacidade hoteleira para suportar o evento. “O Rio não tem capacidade hoteleira suficiente para o evento”, ressalvou.

“O Brasil tem, neste evento, uma grande oportunidade para fazer investimentos e desenvolver melhor a infraestrutura urbana. Infelizmente, ao que tudo indica, adotará soluções paliativas para o trânsito, como decretar feriados em dias de jogos ou férias escolares no período, e para a infraestrutura aeroportuária, como terminais provisórios”, lamentou o presidente do Sinaenco-SP.

Edição: Vinicius Doria