Companhia de teatro brasileira estreia no Rio montagem de obra de Shakespeare convidada para ir a Londres

01/12/2011 - 17h40

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Um espetáculo inédito, concebido a partir dos grandes dramas históricos de William Shakespeare, tem sua estréia mundial hoje (1), às 20h, no cenário histórico do Arquivo Nacional, no centro do Rio de Janeiro. Serão 16 apresentações até o dia 19.

Depois, após curta temporada carioca, a peça Penso Ver o Que Escuto, realização da Cia. Bufomecânica, com direção de Cláudio Baltar e Fábio Ferreira e dramaturgia de Oscar Saraiva, fará, em abril de 2012, a abertura do World Shakespeare Festival, em Londres. O espetáculo será o representante do Brasil em um evento que fará parte da programação cultural dos Jogos Olímpicos do próximo ano, na capital britânica.

Para as apresentações na capital fluminense, foi montada, nos jardins internos do Arquivo Nacional, uma estrutura cênica de 1.200 metros quadrados, com palco de 15 metros de comprimento. A capacidade é para 350 espectadores. Os patrocínios da prefeitura do Rio, do Centro Cultural Oi Futuro e da Royal Shakespeare Company, de Londres, além do apoio do Arquivo, tornaram possível a temporada com ingressos gratuitos e a bem cuidada produção.

A peça reúne um elenco de 11 atores e conta ainda com figurinos da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães, cenários de Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque, iluminação de Renato Machado e direção musical de Fabiano Krieger.

O convite da Royal Shakespeare Company para que a montagem brasileira fizesse a abertura do World Shakespeare Festival tem origem em espetáculo anterior da Cia. Bufomecânica, Mistério Bufo, de Vladimir Maiakowski, encenado em 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília e, no ano seguinte, no Oi Futuro do Rio de Janeiro. Débora Shaw, diretora da renomada companhia inglesa, assistiu à montagem e achou que o grupo representaria bem o teatro contemporâneo brasileiro.

“Acho que eles se cansaram de ver os ingleses fazendo aquelas montagens clássicas, sempre do mesmo jeito, e resolveram abrir para outras concepções de Shakespeare”, avalia Baltar, um dos diretores da peça. Além do Brasil, outros países mostrarão suas visões da obra do dramaturgo, no festival londrino.

“Nós pensamos em fazer um trabalho mais aberto, mais abrangente, dos dramas históricos de Shakespeare, que falam dos reis ingleses do século 15”, explica Baltar. “Acabamos focando em duas peças, Ricardo II e Ricardo III, que são apresentadas em dois atos, mas não de forma linear, sem a preocupação de reproduzir exatamente o texto de Shakespeare”, acrescenta.

Cláudio Baltar ressalta que as duas peças mostram situações antagônicas: um rei, Ricardo II, que é destronado no auge do poder, e outro, Ricardo III, que ainda está premeditando o que vai fazer para conquistar o poder. “Essa estratégia maquiavélica mostra o mecanismo que faz com que a pessoa vá subindo, eliminando quem está na sua frente para chegar ao topo. Quando chega lá, já arrumou um monte de inimigos e acaba caindo”, resume.

Para o diretor, o belo prédio do Arquivo Nacional, datado do século 19 e com jardins rodeados de palmeiras imperiais, é o local ideal para a encenação. “Nesse espaço, estamos dentro do contexto de uma peça que fala de reis e de palácios”, comenta.

Até o dia 19, as apresentações serão às quintas, sextas, sábados e segundas, às 20h, e aos domingos, às 19h. As senhas de acesso ao espetáculo serão distribuídas duas horas antes do início da peça. O Arquivo Nacional fica na Praça da República, centro do Rio de Janeiro.

Edição: Lana Cristina