No Dia da Consciência Negra, ato na Avenida Paulista pede por mais políticas públicas voltadas para jovens negros

20/11/2011 - 15h58


Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Centenas de pessoas participaram hoje (20) de uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, para lembrar o Dia da Consciência Negra. O ato teve início no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), depois os manifestantes seguiram em passeata até o Largo do Paissandu, no centro da cidade.

O ato deste ano enfatizou o extermínio de jovens negros. “Temos que lembrar dos jovens negros que estão sendo massacrados nas periferias de São Paulo. Estamos nos organizando para chamar a atenção da sociedade sobre o massacre da juventude negra que está ocorrendo em todo o país”, disse o rapper Sandro Rogério, mais conhecido como Ice Boy.

Quem também falou sobre o assunto foi Anatalina Lourenço da Silva, professora da rede pública, diretora da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e representante do Oriaxé (movimento de mulheres negras). Segundo ela, muitos jovens negros entre 16 anos e 24 anos de idade têm sido mortos na periferia da maioria das cidades do país, “principalmente pela polícia ou, muitas vezes, pela falta de políticas públicas direcionadas que fazem essa juventude ser cooptada pelo tráfico”.

Anatalina Lourenço defende a necessidade de mais políticas públicas específicas direcionadas não somente para os jovens negros, mas também para as mulheres. “A presidenta Dilma [Rousseff] admitiu esta semana que a pobreza tem cara e cor nesse país e que, portanto, ela é feminina e negra. Somos nós, as mulheres negras, a base da pirâmide”, declarou.

Segundo ela, essas políticas devem priorizar o emprego, a renda, a moradia e a saúde, além da educação. Para Anatalina Lourenço, uma das ações no campo da educação seria a de implementar a Lei 10.639 que trata da obrigatoriedade do ensino da disciplina de história e cultura afro-brasileira, em todas as escolas. “Quando a gente conhece nossa história, conseguimos desconstruir os preconceitos na sociedade. É urgente e necessário que o país passe a desconstruir seu racismo”, disse.

Para Gilson Nunes Vitória, mais conhecido como Gilson Negão, representante da sociedade comunitária Fala Negão, da zona leste da capital, e também da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), o ato de hoje marca a luta pela igualdade entre as pessoas e serve também para mostrar o aumento da consciência da população sobre o reconhecimento de sua raça, o que foi demonstrado no último censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados do censo mostram o aumento no número de pessoas que se declararam negras e pardas no país.

“É importante as pessoas começarem a entender que o brasileiro tem origem negra. Queremos que as pessoas se reconheçam e tenham orgulho de sua raça, de sua cor e de seu povo. É um trabalho de muito tempo [do movimento negro] e que começa a dar resultado”, declarou Gilson Negão.

 

Edição: Aécio Amado