Eleições na Argentina devem confirmar ocaso dos partidos tradicionais

22/10/2011 - 12h00

Mônica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina

Buenos Aires - Um ano atrás, o candidato provável do peronismo às eleições presidenciais era Nestor Kirchner, marido da presidenta Cristina Kirchner. Ele governou o país de 2003 a 2007 e poderia ter sido reeleito. Mas preferiu abrir espaço para a mulher que, como ele, tinha trajetória política no Partido Justicialista (PJ), conhecido como partido peronista. A ideia era fazer uma espécie de revezamento familiar no poder. Mas Kirchner morreu em outubro passado e Cristina, que até hoje mantém o luto, decidiu candidatar-se a um segundo mandato. Se ganhar, como tudo indica, este será o terceiro mandato dos Kirchner, que criaram a própria legenda, Frente Para a Vitória (FPV), uma dissidência do PJ.

Nesta eleição, os grandes derrotados serão os partidos tradicionais: o PJ (ou, pelo menos, a parte minoritária do partido que optou pela candidatura de Eduardo Duhalde e Alberto Rodriguez Saa) e a União Cívica Radical (UCR) que, historicamente, se revezou no poder com os peronistas e que é representada pelo ex-presidente Ricardo Alfonsin. A surpresa é o governador de Santa Fé, Hermes Binner, do Partido Socialista.

Binner foi o único candidato da oposição que cresceu nos últimos meses. As pesquisas de opinião indicam que ele terá mais votos que Alfonsin (filho do ex-presidente Raul Alfonsin) e que os dois candidatos do peronismo opositor: Duhalde e o governador de San Luis, Alberto Rodriguez Saa. Mas, ainda assim, Binner terá menos da metade dos votos de Cristina Kirchner. A expectativa é que a presidenta consiga o apoio necessário para ser reeleita no primeiro turno.

"Os resultados dessa eleição produzirão uma presidenta muito forte e uma oposição quase inexistente. Desapareceram os partidos tradicionais. Antes, falávamos que havia na Argentina uma força política chamada kirchnerismo. Agora, achamos que surgirá o cristinismo, porque Cristina Kirchner concentrara muito poder", disse a Agência Brasil o ex-deputado peronista e ex-embaixador da Argentina no Brasil Diego Guelar.

Edição: Vinicius Doria