Mantega critica demora dos europeus na adoção de medidas econômicas

10/10/2011 - 22h15

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou hoje (10) que o compromisso assumido pelos governos da França e da Alemanha, no último fim de semana, para garantir a capitalização de bancos europeus em dificuldades, bem como a disposição demonstrada para resolver os problemas de dívidas da Grécia e de outros países da Europa, causaram boa impressão ao mercado. Tanto que as bolsas de valores começaram a semana em alta no mundo inteiro.

Ele ressaltou, no entanto, que o anúncio veio com atraso. “Os europeus sempre demoram a dar soluções para a crise”. Durante reunião de articulação política, no Palácio do Planalto, Mantega disse que, apesar da demonstração de boa vontade dos governos da França e da Alemanha, o mercado vive grande volatilidade. Não acredito que tenhamos superado a crise, disse ele, porque ainda restam muitas expectativas e preocupações em relação a países com dívidas altas.

Segundo Mantega, a confiança deve aumentar com a aprovação do fundo europeu para a crise. Ele “vai dar ajuda importante na recuperação da economia mundial” e tranquilizar o mercado de vez. Mas o referido fundo depende da aprovação de 17 parlamentos e conta até o momento com 15 referendos parlamentares. Faltam ainda as aprovações da Finlândia e da Eslovênia, revelou o ministro da Fazenda. Além disso, o programa de socorro franco-alemão só deve demorar mais uns 20 dias.

Mantega salientou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) também deve dar mais algum reforço de recursos para as economias mais carentes da Europa. Isso, segundo ele, será analisado na reunião que ministros da Economia de diferentes países realizarão em Paris a partir da próxima quarta-feira (12), da qual ele fará parte e é preparatória para um encontro de chefes de governo, que ocorrerá dentro de duas semanas.

No seu entender, “a crise é crônica, e não terá curta duração”. Como a crise afeta toda a economia mundial, ele ressalta que os governos em geral devem trabalhar para evitar que ela entre em uma fase aguda, de quebra de bancos e de países. Se isso acontecer, disse ele, “poderemos ter cenário parecido com o de 2008”. Ele destacou também o perigo da crise contrair mais ainda o comércio mundial, com reflexos em países emergentes como a China, pois uma possível desaceleração do crescimento chinês afetaria as exportações brasileiras.

Edição: João Carlos Rodrigues