Lucy Barreto defende que cinema seja reconhecido como negócio, uma indústria consolidada

28/09/2011 - 16h29

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília – Apontada como uma das mais experientes e importantes produtoras de cinema do país, a mineira Lucy Barreto defende a importância de mecanismos legais que reconheçam o cinema como um negócio como tantos outros, embora ligado ao entretenimento, setor que ela acredita necessitar de uma política nacional específica.

“Cinema é uma indústria, um negócio, e não podemos misturá-lo a outras manifestações culturais como a dança, o circo, os pontos de Cultura e tudo o mais que [comparado ao cinema] é mais, digamos, artesanal”, declarou a produtora à Agência Brasil, hoje (28), durante o seminário Novas Perspectivas do Cinema e do Audiovisual Brasileiros, evento que faz parte da programação do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

A produtora cita pesquisas que apontam a crescente importância econômica da indústria do entretenimento em todo o mundo para destacar a necessidade de o país contar com uma política nacional de entretenimento. “Ainda é preciso avançarmos no sentido de estabelecermos uma política nacional que leve em consideração a importância que a indústria do entretenimento tem como negócio. É preciso que o governo federal encare isso”, comentou Lucy, elogiando a recente sanção presidencial da lei que unificou as regras da TV por assinatura, criando a possibilidade de as operadoras de telefonia entrarem no mercado de TV a cabo e estabelecendo cotas mínimas para a exibição de produções nacionais.

“A lei, a meu ver, é um primeiro passo em direção a isso [consolidação de uma política nacional do entretenimento]. É algo que eu acho que vai mudar completamente o cenário da produção brasileira já que representa [o ingresso de] um novo capital substancial para a produção de obras cinematográficas, televisivas e para outras mídias”, observou Lucy.

Já tendo produzido mais de 50 filmes, entre eles algumas obras hoje consideradas clássicas da cinematografia brasileira, como Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, Bye Bye Brasil (1980), de Cacá Diegues e Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos, Lucy destacou a boa fase da produção de roteiros cinematográficos. “Temos bons roteiristas e estamos melhorando cada vez mais. Assim como temos muitos bons técnicos”, resumiu.

Defensora das mudanças no formato do festival de Brasília, como o fim da exigência de que os filmes inscritos na mostra competitiva fossem inéditos, Lucy aponta a importância estratégica do mais antigo evento do gênero no país, apesar de, este ano, a produtora que dirige com o marido Luiz Carlos Barreto não ter nenhuma obra concorrendo. “Este ano, há seminários onde se discute, por exemplo, o cinema brasileiro nos dias atuais e [a importância de] uma política do audiovisual para tornar [o setor] uma atividade autossustentável. Principalmente por ocorrerem no centro político do país, essas discussões são muito importantes, por poderem alcançar uma repercussão muito maior”, completou.

Edição: Lana Cristina