Ministério Público vai apurar se Novais participou de fraudes reveladas pela Operação Voucher

14/09/2011 - 19h19

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje (14) que vai investigar se o ministro do Turismo, Pedro Novais, teve participação no esquema de desvio de verbas apurado pela Operação Voucher, da Polícia Federal. O esquema levou 36 pessoas à prisão e resultou no afastamento da alta cúpula da pasta. Novais não havia sido envolvido no caso porque não ocupava o cargo de ministro na época dos fatos.

De acordo com Gurgel, o Ministério Público vai apurar os casos de improbidade revelados recentemente e verificar se há indícios de envolvimento criminal do ministro no esquema de desvio de verbas investigado pela Operação Voucher. “Há alguns ilícitos que estariam relacionados inclusive com aquela operação desencadeada no Amapá [Operação Voucher]. Na verdade, as duas coisas se relacionam. Vamos examinar. Se efetivamente houver só atos de improbidade, [a investigação] fica no primeiro grau, senão, vai justificar instauração de inquérito [na PGR]”.

Novais é alvo de denúncias de mau uso do dinheiro público. Reportagens do jornal Folha de S.Paulo revelaram que uma secretária parlamentar de Novais, de quando ele era deputado, atuava como doméstica em sua casa e que o político usava um servidor do Congresso Nacional como motorista particular de sua esposa. O jornal também informa que o carro dirigido pelo motorista de Novais é de uma empresa que recebeu, entre abril de 2009 e dezembro de 2010, R$ 159 mil do gabinete do então deputado.

Para Gurgel, o destino das acusações deve ser a abertura de inquérito. Ele também disse que o MP tem dificuldade de acompanhar a evolução dos fatos devido à quantidade de informações apresentadas pela imprensa contra o ministro. “Estamos reunindo esse material, que tem chegado meio a conta-gotas – ontem [13], essa questão da empregada, hoje essa questão dos assessores – para ver a providência que deverá ser, provavelmente, a instauração de inquérito. Em princípio, seria mais na área da improbidade. Como são tantos fatos, a gente tem que reuni-los e examinar no conjunto para ver efetivamente se a gente tem apenas aspectos relacionados à improbidade”.

Perguntado sobre a gravidade das acusações, Gurgel disse que se os fatos forem verídicos, trata-se de mais um caso da mistura do público e do privado, o que considera “uma mazela que nos acompanha desde antes da República”.


Edição: Lana Cristina//às 18h40,houve ajuste de informação relativa à operação da PF no Amapá