Juiz ameaçado de morte diz que não vai deixar o local onde trabalha, na zona oeste do Rio

24/08/2011 - 22h40

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A recente descoberta de um plano para matar o juiz Alexandre Abrahão, titular da 1ª Vara Criminal de Bangu, não intimidou o magistrado. Responsável nos últimos anos pela prisão de pelo menos 50 policiais militares envolvidos com milícias e pela condenação do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, ele disse que não pensa em sair do local onde atualmente trabalha, na zona oeste do Rio, um das principais áreas de domínio dos milicianos.

“Em razão do combate a essas diversas facções criminosas, que exploram máquinas caça-níqueis, tráfico de drogas e milícias, esse conglomerado anda insatisfeito com a minha conduta, assim como foi com minha colega Patrícia Acioli. Mas eu não pretendo mudar de vara”, disse.

Apesar de ter consciência de que corre perigo, Abrahão declarou que não se intimida com as ameaças. “Eu não posso dizer ao povo: faz o que falo, mas não faz o que eu faço. Eu não me intimido. Jurei a vida toda que ia fazer o que faço, e amo o meu trabalho.”

Na última semana o juiz foi alertado pessoalmente pelo presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do estado, desembargador Manoel Alberto Rebelo, que um plano para matá-lo havia sido divulgado ao serviço Disque Denúncia. Segundo a informação, a morte teria sido encomendada por um dos principais exploradores de máquinas caça-níqueis do estado, e contaria com a participação de 39 policiais militares.

“Isso já havia sido avisado em outubro do ano passado e agora o presidente Manoel Alberto reiterou os fatos. A minha segurança foi ampliada em razão da denúncia, que chegou ao conhecimento de todos.” Por causa da ameaça, Rebelo determinou de imediato o aumento do efetivo envolvido na segurança de Abrahão, que também passou a se deslocar em carro blindado do TJ.

Para o magistrado, é importante aperfeiçoar e tornar mais rigoroso o processo de ingresso dos policiais militares na corporação e também garantir melhores salários e benefícios sociais aos soldados. “Hoje, o policial vive privado de tudo: sem plano odontológico e de saúde e mal remunerado. Com isso, ele acaba sendo vulnerável a se envolver com o crime organizado.”

 

Edição: Aécio Amado