Angra 3: montagem custará R$ 1,93 bilhão

16/08/2011 - 7h26

Vinicius Doria e Sabrina Craide
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A montagem dos equipamentos eletromecânicos da Usina Nuclear Angra 3 vai custar R$ 1,93 bilhão, R$ 490 milhões a mais do que o estimado pela Eletronuclear em abril do ano passado. O aviso do edital da licitação bilionária para a contratação do consórcio encarregado da montagem foi publicado na sexta-feira passada (12).

De acordo com o superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, a revisão do orçamento foi necessária por causa, principalmente, da adição de bens e serviços que não estavam previstos na montagem de Angra 2  - que serviu de base para o orçamento de Angra 3 – e pelo aumento do custo da mão de obra. “Fizemos uma atualização muito cuidadosa dos valores dessa montagem”, assegurou Messias.

Diferentemente do que ocorreu com Angra 2, a Eletronuclear decidiu incluir na licitação da montagem de Angra 3 serviços de ar-condicionado e ventilação, pintura e isolamento térmico. “Como são serviços que se integram à montagem eletromecânica, é melhor pagar um pouco mais para ter apenas um interlocutor, que gerencia todo o processo”, explicou o superintendente.

O consórcio (com até quatro empresas) que vencer a licitação também terá que se responsabilizar pelos testes de funcionamento da usina nuclear (comissionamento) e pela aquisição de suprimentos adicionais, como perfis metálicos, cabos, válvulas, lâmpadas, equipamentos de telefonia, sistemas de aterramento, entre outros. Esses custos também foram incluídos na licitação.

Quanto à mão de obra, a estatal reviu, para cima, o valor médio da hora trabalhada porque a demanda por profissionais qualificados cresceu muito nos últimos anos, impulsionada pelos grandes investimentos em infraestrutura no país. A Eletronuclear está disputando operários e  montadores com outras empresas estatais, como a Petrobras, cujos investimentos no estado do Rio não param de crescer por causa da exploração de petróleo no pré-sal.

“A pressão da Petrobras é significativa, a empresa é uma grande contratante de montagem eletromecânica e isso pressiona os preços da mão de obra, que é mais qualificada e mais valorizada”, disse Messias. No pico da montagem, entre 7 mil e 9 mil pessoas estarão trabalhando no canteiro de Itaorna que, atualmente, conta com 3 mil operários envolvidos na construção do edifício que abrigará o reator nuclear.

Apesar da política da estatal de aproveitar ao máximo os trabalhadores que moram nas cidades próximas, a mão de obra local não é suficiente para atender à demanda. A Eletronuclear esperava contratar até 90% dos operários e técnicos na própria região de Angra dos Reis (que compreende os municípios do litoral sul do estado do Rio e do Vale do Paraíba). Mas a Petrobras e estaleiros que trabalham para a estatal de energia já absorvem boa parte dessa mão de obra qualificada. “Até para as obras civis estamos encontrando dificuldades para contratar”, reclamou o executivo. Com isso, a mão de obra contratada no local vai representar pouco mais de 80% do efetivo total.

Pelo edital publicado na semana passada, os consórcios interessados na montagem dos equipamentos de Angra 3 vão passar por um processo de pré-qualificação que deve durar quatro meses. Serão avaliadas a situação  jurídica, a regularidade fiscal, a capacidade econômica e financeira e a qualificação técnica.  Só depois serão apresentadas as propostas de preço.

A Eletronuclear estima que os operários da empresa selecionada já estejam no canteiro de obras a partir de maio do ano que vem. A montagem dos equipamentos deve levar 30 meses e a previsão é que a usina nuclear comece a gerar energia em operação comercial em dezembro de 2015.

Edição: Graça Adjuto