Patriota recomenda cautela e ceticismo em relação às promessas de fim da crise na Síria

10/08/2011 - 19h35

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, sugeriu hoje (10) cautela e ceticismo em relação às mudanças de comportamento prometidas pelo presidente da Síria, Bashar Al Assad, para acabar com a violência no país. Em reunião nesta quarta-feira, Assad admitiu que as forças de segurança cometeram excessos e comprometeu-se a implementar as reformas reivindicadas pelos manifestantes. Para o chanceler, é fundamental que promessas virem ações.

“Temos uma expectativa de que a violência cesse”, disse Patriota. “Fica muito claro que não é sustentável o padrão de comportamento das últimas semanas [de violência] e isso foi manifestado na reunião com o presidente Assad”.

Na tarde de hoje, Patriota conversou, por telefone, com o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, que iniciou esta etapa de articulações com Assad. “É muito importante que o governo da Síria se manifeste com fatos e não só com agendas. O padrão das últimas semanas recomenda um certo grau de ceticismo embora dinâmica tenha levado a novos fatos”.

Nos últimos dias, os embates entre as forças de segurança do governo e manifestantes promoveram violência e pânico em várias cidades da Síria. De acordo com organizações não governamentais, mulheres e crianças não foram poupadas. A estimativa das entidades civis é que cerca de 2 mil pessoas tenham morrido em cinco meses de protestos na região.

Na manhã de hoje, Assad se reuniu, em Damasco, com o subsecretário- geral para a África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Paulo Cordeiro, o vice-ministro de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ebrahim Ebrahim, secretário de Organizações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Índia Dilip Sinha.

Patriota lembrou que durante a reunião os países que integram o Ibas (Brasil, Índia e África do Sul) cobraram de Assad garantias de preservação dos direitos fundamentais – liberdades de expressão, opinião e manifestação -, condições para que enviados das Nações Unidas para os direitos humanos verifiquem a situação na Síria e mais segurança para a implementação das reformas política, econômica e social.

Segundo o chanceler brasileiro, o presidente sírio confirmou que serão organizadas eleições gerais – para a Presidência da República e também para o Parlamento. Amanhã os representantes do Ibas estarão em Ancara, na Turquia, para dar continuidade às articulações que buscam o fim do impasse na Síria. Patriota lembrou ainda que o governo turco tem informado a comunidade internacional sobre as negociações.

O ministro ressaltou ainda que as informações sobre o que ocorre na Síria são desencontradas e que a ausência de imprensa estrangeira dificulta o fornecimento de dados. Na reunião com Assad, as autoridades pediram também que ele autorize a entrada de representantes das Nações Unidas e de jornalistas estrangeiros.
 

 

Edição: Rivadavia Severo