Mortes de mulheres durante a gravidez e o parto aumentam no Rio de Janeiro, aponta relatório

30/05/2011 - 22h03

Vladimir Platonow

Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – As mortes de mulheres durante a gravidez, o parto e o pós-parto aumentaram no estado do Rio, segundo relatório do Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna. As conclusões preliminares do levantamento indicam que o índice de mortes por 100 mil nascidos vivos subiu de 67, em 2008, para 96,5 em 2009, quando foi registrado um total de 209 mortes maternas, 61 mortes a mais do que no ano anterior.

“Tivemos um salto muito grande na mortalidade materna em 2009. Tivemos a epidemia de influenza A (H1N1) [gripe suína], que matou muitas gestantes. Também houve uma mudança na dinâmica nas investigações dos óbitos, definida pelo Ministério da Saúde, em que se passou a apurar as mortes de mulheres em idade fértil”, disse a médica sanitarista Luciane Tavares Santiago, uma das responsáveis pelo levantamento. Segundo ela, desde 1998, quando a pesquisa começou a ser feita, o índice vinha se mantendo em 67 por 100 mil, número semelhante ao de outros países da América Latina, mas quase dez vezes superior ao de economias desenvolvidas.

Os dados foram divulgados hoje (30), na Assembleia Legislativa do estado (Alerj), para marcar o Dia Mundial de Combate à Mortalidade Materna, comemorado no último sábado (28). Para a deputada estadual Inês Pandeló (PT), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj, entre os motivos que ainda levam mulheres a morrer nesse período estão exames de pré-natal malfeitos e falta de vagas de maternidade no sistema público de saúde.

Ela criticou ainda o alto índice de cesarianas como componente de agravamento do quadro, pois as cirurgias contribuem para aumentar o risco de infecções e mortes.

A morte materna também está relacionada à etnia, afetando mais as mulheres negras e índias, segundo a coordenadora de mobilização da Rede Criola, Jurema Werneck. “A morte materna é a quinta causa de morte de mulheres jovens, de 10 a 29 anos, no Brasil. É algo muito grave, que demonstra uma falha do sistema de saúde.”

Edição: João Carlos Rodrigues