Perícia verificará se há DNA de vítima em diretor do FMI acusado de abuso sexual

16/05/2011 - 7h52

Da BBC Brasil

Brasília - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, aceitou ser submetido a uma perícia. Khan é acusado por uma camareira de um hotel de Nova York de agressão sexual, cárcere privado e tentativa de estupro. As autoridades querem verificar se há lesões que indiquem que houve luta ou traços de DNA da suposta vítima no corpo de Strauss-Kahn.


Ele era considerado um possível candidato à Presidência da França pelo Partido Socialista. A primeira aparição de Khan em um tribunal estava prevista para ontem (15), mas foi adiada para esta segunda-feira para permitir que os exames médicos e científicos sejam realizados. O diretor-gerente licenciado do FMI, que é casado e tem 62 anos, foi preso anteontem (14) à tarde, quando estava na primeira classe de um avião da Air France prestes a decolar para Paris.

Um porta-voz da polícia de Nova York, Paul Browne, disse que as acusações foram feitas por uma mulher de 32 anos de origem africana que trabalha como camareira no Hotel Sofitel, perto de Times Square, onde o chefe do FMI estava hospedado. A mulher disse que o hóspede saiu nu do banheiro enquanto ela limpava a suíte de luxo, que custa US$ 3 mil por noite.

"Recebemos uma denúncia de que uma camareira em um hotel no centro de Manhattan tinha sido abusada sexualmente pelo ocupante de uma suíte de luxo naquele hotel e que esse indivíduo tinha fugido", disse Browne. "A camareira disse ter sido atacada violentamente, trancada no quarto e abusada sexualmente", disse ele.

Segundo testemunhas que estavam no hotel, Strauss-Kahn deixou o local às pressas, esquecendo seu telefone celular e outros objetos pessoais. Segundo relatos, ele telefonou do aeroporto para a recepção do hotel, pedindo que o aparelho fosse devolvido, mas a polícia já havia sido acionada e equipes foram mandadas para o terminal.

“Nossos investigadores pediram às autoridades aeroportuárias que impedissem o avião de partir, foram até o aeroporto e o levaram sob custódia”, afirmou Browne. “Se tivéssemos demorado mais dez minutos, ele já estaria voando a caminho da França”, disse.

Segundo o porta-voz, a camareira foi atendida em um hospital para o tratamento de pequenos ferimentos. Mais tarde, ela identificou o ex-ministro das Finanças francês como o homem que a teria atacado. Strauss-Kahn não tem imunidade diplomática e estava em Nova York por motivos particulares.

A mulher dele, a jornalista francesa Anne Sinclair, disse acreditar que o marido é inocente. "Eu não acredito por um segundo sequer nas acusações levantadas contra meu marido", disse em um comunicado.

O diretor-gerente do FMI contratou como chefe de sua equipe de defesa o criminalista americano Benjamin Brafman, que já representou várias celebridades.

Seus advogados disseram no ontem que Strauss-Kahn estava "cansado, mas bem" e que ele "pretende se defender vigorosamente das acusações e nega ter cometido qualquer delito".

O FMI informou que o vice-diretor-gerente do fundo, John Lipsky, ocupará interinamente o cargo de diretor-gerente durante a ausência de Strauss-Kahn. A cotação do euro em relação ao dólar caiu ao ponto mais baixo em seis semanas nesta segunda-feira, devido ao anúncio da prisão. Strauss-Kahn participaria hoje de uma reunião em Bruxelas sobre a concessão de ajuda financeira à Grécia e a outros países europeus endividados.

As acusações contra Strauss-Kahn mudaram o cenário da corrida presidencial francesa. A candidatura dele ainda não havia sido anunciada, mas esperava-se que ele concorresse à Presidência pelo Partido Socialista, já que pesquisas de opinião mostravam que ele contava com boa vantagem sobre o atual presidente Nicolas Sarkozy, que deve concorrer à reeleição em abril de 2012.

Strauss-Kahn concorreu para a liderança do Partido Socialista Francês em 2006, mas perdeu para Ségolène Royale, que depois foi derrotada por Sarkozy nas últimas eleições presidenciais, em maio de 2007. Strauss-Kahn foi, então, nomeado diretor-gerente do FMI em setembro de 2007, com o apoio de Sarkozy. Ele ganhou elogios por sua atuação à frente do FMI, principalmente em momentos difíceis como a recente crise financeira global.