Dilma diz que Brasil vai atuar forte para frear especulações financeiras e proteger a moeda

01/11/2010 - 0h04

Luciana Lima e Luana Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleita, Dilma Rousseff, disse que o Brasil atuará de maneira forte nas instâncias internacionais para frear especulações financeiras e proteger a moeda brasileira. “É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas”.

Dilma disse que não será uma tarefa fácil fazer com que o país continue crescendo a altas taxas e reconheceu a necessidade de “qualificar” o desenvolvimento econômico do Brasil. “Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada”.

A presidente eleita deu sinais de que vai conduzir a economia do país voltada para o mercado interno. Ela avaliou que as condições externas ainda são adversas e que no curto prazo, não poderá contar com “pujança” das economias dos países desenvolvidos.

“No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas”, disse a petista ao defender o que ela própria chamou de “nova era de prosperidade”.

A petista, no entanto, fez questão de rechaçar a ideia de que a fará um governo fechado para as grandes economias mundiais. “Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações”.

“Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento”, disse a presidente eleita.

Outro ponto enfatizado por Dilma diz respeito à responsabilidade fiscal. No entanto, ela deixou claro que não aceitará ajustes que representem menos investimentos em programas sociais. “Faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos”.

“Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável”.

A ideia de melhorar a qualidade do gasto pública, de acordo com a presidente eleita, passa pela adoção de critérios de méritos para as promoções na carreira pública. “Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público”.
 

 

Edição: Rivadavia Severo