Consumo de drogas aumenta número de jovens em abrigos do Rio, diz MP

24/09/2010 - 21h50

 

 

Vladimir Platonow

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - A situação de rua já é a terceira causa no acolhimento de menores de idade em abrigos públicos no Rio de Janeiro. O motivo para que isso ocorra é aumento do uso de drogas. O dado faz parte do Censo da População Infantojuvenil Acolhida, divulgado hoje (24), pelo Ministério Público Estadual (MP).

 

Em sua quinta edição, o relatório referente ao primeiro semestre deste ano aponta que de um total de 2,6 mil jovens abrigados em instituições públicas, 224 (8,6%) foram acolhidos por estarem em situação de rua. No censo anterior, do segundo semestre de 2009, eram 204 jovens nessa situação, 7,3% do total. No primeiro levantamento, feito no primeiro semestre de 2008, eram 221 menores, que correspondiam a 5,9% do total.

 

O aumento é atribuído pela promotora pública de Justiça Gabriela Brandt ao uso crescente de drogas pelas ruas, principalmente crack. “Uma das grandes causas disso são as drogas. O crack tem sido uma preocupação constante do Ministério Público, mas o município precisa chamar para si a responsabilidade, porque é uma situação não só de abandono familiar, mas também de saúde pública. Isso precisa ser urgentemente trabalhado, se não daqui a pouco vai ser o primeiro motivo dos acolhimentos”, disse a promotora.

 

O censo também mostrou que 889 crianças e adolescentes abrigados no estado - 34% do total - nunca receberam qualquer visita de parentes. Desse percentual, 27% são crianças até 6 anos, que crescem sem vínculos familiares em uma das 240 unidades de acolhimento fluminenses.

 

Segundo Gabriela, isso impõe urgência aos processos de adoção. “Temos que acelerar os processos de adoção, porque são crianças que estão em uma fase da vida em que a referência familiar é fundamental. Estudos psicológicos provam que é preciso, na primeira infância, ter um vínculo familiar. E se não tem visita, a gente precisa correr, porque um ano na vida de uma criança de dois anos corresponde à metade da vida dela. É muito”, afirmou a promotora.

 

No primeiro censo, eram 3.732 crianças e adolescentes, 30% a mais do que o registrado hoje. Com o passar do tempo, fica mais difícil a adoção, pois as famílias preferem crianças de menor idade. Nos abrigos do Rio, 29% dos jovens têm até 6 anos de idade. A maior parte porém, com 52%, tem de 10 a 18 anos. Segundo o levantamento do MP, 9% dos jovens moram há mais de cinco anos nos abrigos, sendo que 2,2% moram há mais de dez anos.

 

Os dados completos do censo podem ser acessados na página www.mp.rj.gov.br, no link Módulo Criança e Adolescente.


Edição: João Carlos Rodrigues