Descendentes de imigrantes italianos encontram futuro promissor no sudoeste do Paraná

05/12/2009 - 0h35

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O sudoeste do Paraná representa um futuro promissor para osdescendentes de imigrantes italianos que residem na região e também para os queretornaram à Itália em busca de trabalho e agora querem voltar por causa dodesemprego provocado pela crise econômica mundial. Calcula-se que estão naquelepaís cerca de 10 mil pessoas dos 43 municípios do sudoeste paranaense - a maiorparte é da cidade de Pato Branco. Segundo o delegado regional da Câmara Ítalo-Brasileira deComércio e Indústria do Paraná, Pedro Mezzomo, a maioria desses imigrantes foipara o Norte do país, na região de Vêneto. Devido à baixa escolaridade, elestrabalham principalmente como empregados domésticos e na construção civil, comopedreiros e carpinteiros.   Mezzomo disse que  é impossível calcular o número exatode pato-branquenses que estão na Itália. “Alguns arriscam que são cinco milpessoas, de uma população de cerca de 70 mil habitantes, mas é meraespeculação”, avalia.A diretora de Cultura do Círculo Cultural Ítalo-Brasileiro de Pato Branco eprofessora do Centro de Cultura Italiana Paraná e Santa Catarina, Neusa MariaDavoglio, adiantou que está sendo criado um banco de dados para  reunir,em um único local, todas as informações referentes à Itália. Esse acervo deveráfacilitar o intercâmbio cultural entre o Paraná e aquele país europeu, além desubsidiar os acordos comerciais.Para Mezzomo, o regresso dos imigrantes ao Brasil está acontecendogradativamente e não se tem conhecimento de um grande movimento nesse sentido.“O que sabemos ao certo é que muitos empresários italianos estão deixando deinvestir em seu país e buscando acordos comerciais com o Paraná. Muitas obrasestão paralisadas por lá e o Brasil aparece no cenário internacional como paíspromissor para quem disponha de capital para investir.” Ele destacou também a importância das parcerias para odesenvolvimento local. Segundo Mezzomo, há consenso no meio empresarial de que2011 será o “ano da Itália no Brasil”, com o incremento nas relações culturaise comerciais entre os dois países. “Estamos realizando várias rodadas denegociações envolvendo empresas italianas e paranaenses.” Outro aspecto é que o governo italiano investe muito naformação profissional dos trabalhadores residentes em países fora da UniãoEuropeia. “No próximo dia 15 vamos assinar, em Florianópolis, um contrato paratrazer tecnologia na área de alimentação. São recursos do Ministério doTrabalho, Saúde e Políticas Sociais da Itália para cursos em Santa Catarina eCuritiba, com duração de 12 meses”, explicou Mezzomo. Segundo ele, háinvestimentos significativos na área de educação, inclusive bolsas de estudosgratuitas para doutorado.O Paraná tem grande interesse em buscar parcerias na área tecnológica. Dados daFederação das Indústrias do Paraná mostram que os distritos na Itália contamcom mais de 200 mil empresas, que representam 27% do Produto Interno Bruto, 42%dos empregos gerados e 47% das exportações. Existem 20 regiões e 145 distritosindustriais na Itália, 40% deles na região do Vêneto, que é a base origináriados italianos e seus descendentes que vivem no sudoeste paranaense. O prefeito de Pato Branco, Roberto Viganó, garante que os pato-branquenses queretornarem da Itália não ficarão desocupados na cidade porque existe carênciade mão de obra especializada para atender a demanda das novas indústrias queestão se instalando na região. Ou seja, aqueles que no passado deixaram acidade por falta de trabalho agora são necessários à economia local.Viganó lembra que, neste ano, PatoBranco sempre esteve entre os dez primeiros municípios do Paraná em geração de empregos,conforme números do Ministério do Trabalho. Uma pesquisa realizada pelaprefeitura mostra que 82% dos entrevistados estão empregados e 89,6% afirmaramser felizes. “O município sempre levou em conta as necessidades eprioridades da população ao criar programas de governo", comenta oprefeito, citando  os programas Mãe Pato-Branquense, Tecendo Vidas, CasaAbrigo Esperança, Inclusão Social e Batucação. Este último é um projeto queenvolve crianças e adolescentes, motivados a tocar instrumentos de percussão. Oaprendizado acontece em período extra escolar.O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) pode serparceiro da prefeitura na recepção aos que retornarem da Itália. SegundoCristiano Machado, do Sebrae local, a exemplo do programa elaborado paraauxiliar os decasséguis [estrangeiros que trabalham no Japão] a se recolocaremno mercado, há expectativa de que seja  criado um projeto semelhante paraa comunidade italiana. A ideia é planejar adequadamente o retorno ao Brasil eorientá-los a empregar o capital trazido do exterior em um negócio próprio,explicou.