Ação judicial contra símbolos religiosos em prédios públicos é violência, diz CNBB

23/08/2009 - 1h24

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pedirjudicialmente a retirada de símbolos religiosos de edifíciospúblicos é uma violência, na opinião dopresidente da Conferencia dos Bispos do Brasil (CNBB), dom GeraldoLyrio Rocha. “Querer,apelando para a questão do Estado laico e da sociedadepluralista, apagar todos os elementos que estão incorporadosna cultura brasileira é uma violência que se faz”,disse em entrevista à Agência Brasil.

No finalde julho, o Ministério Público Federal (MPF) em SãoPaulo ajuizou ação civil pública para obrigar aUnião a retirar todos os símbolos religiosos afixadosem locais de atendimento ao público nas repartiçõesfederais do estado.

DomGeraldo destacou que a maior parte da populaçãobrasileira é católica e que história do paísé “fortemente marcada pela presença da Igreja”.Para ele, aceitar a presença dos símbolos de féé um exemplo de “tolerância religiosa”, pelos praticantes de outros credos.

Para opadre e doutor em direito canônico, Salmo de Souza, deve havercuidado nas manifestações contra a religiosidade paraque não se transformem em intolerância àreligião. “O Estado não poderia adotar umaideologia que seria o princípio leigo no aspecto negativo, ouseja, uma intolerância para qualquer sinal religioso.”

Segundoo padre, os símbolos de fé afixados até mesmo emprédios públicos “estão em coerência coma tradição do povo na sua maioria”. Por isso, naopinião de Souza, é necessário compreensão pelas minorias.

Naavaliação da professora da Universidade de SãoPaulo (USP) e militante de direitos humanos Roseli Fischmann, apresença de crucifixos em tribunais e outros edifíciospúblicos é uma imposição da maioriacristã sobre as minorias de outros credos e a arreligiosa.