Economistas divergem sobre efeitos da compra do Ponto Frio pelo Pão de Açúcar para consumidor

08/06/2009 - 19h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A aquisiçãoda rede varejista de produtos eletrônicos e eletrodomésticosPonto Frio, anunciadahoje (8) pelo Grupo Pão de Açúcar, faz com que osetor de eletroletrônicos fique cada vez mais oligopolizado. “Isso significa que são poucas empresas que dominam o setor.Para o consumidor, isso não é bom, porque acabainibindo a concorrência”, avaliou o economista FranciscoBarone, da Escola Brasileira de Administração Públicae de Empresas (Ebape), da Fundação Getulio Vargas.Segundo ele,  quanto menor o número de empresas de umdeterminado setor no mercado, a tendência é de todas convergirem para um preço médio. O resultado pode sera manutenção ou mesmo um aumento de preço aoconsumidor final. “É a mesma coisa com as empresas de petróleo. A gasolina tem, mais ou menos, o mesmopreço, porque são poucas as distribuidoras”, disse Barone. Já o coordenadordo curso de MBA (Master in Business Administration, ou mestre em Administração de Negócios, em português) empresarial em branding (processo de construçãode marca), da Fundação Armando Álvares Penteado(FAAP), José Roberto Martins, acredita que a aquisição do Ponto Frio pelo Pãode Açúcar será interessante para o consumidor.“Porque é mais uma alternativa de compras de uma empresaque vai ter um custo equivalente às melhores ofertas domercado”. Na opinião de Martins, o Grupo Pão deAçúcar conseguirá, com isso, negociar grandesdescontos com os fabricantes, que acabam sendo repassados aosconsumidores por meio de ofertas promocionais, a preçosatraentes. “Então, para o consumidor, sãosó vantagens”. Martins afirmou que não háperspectiva de elevação de preços, na ponta, para oconsumidor final, “porque o setor não é tãoconcentrado, como no caso das empresas de alimentos. Você játem uma outra estrutura concorrencial diferenciada, em que ganha quem tiver o melhor serviço e o melhor preço”. Numa análise sobre os postos de trabalho do Ponto Frio, Barone, da FGV, estimou que não deverá haver uma mudança significativa. “Porque as atividades não sãosobrepostas. Elas podem ocorrer paralelamente. Uma coisa é aárea de varejo do Pão de Açúcar. E outracoisa é a área de eletroeletrônicos do PontoFrio.” O economista acredita que, em umprimeiro momento, “principalmente, no que se refere ao pessoal daslojas, não deverá ocorrer nenhum movimento dedemissão". No que serefere ao pessoal da parte administrativa, a tendência éque seja promovida uma homogeneização, no médioprazo. Ou seja, o Grupo Pão de Açúcardeve absorver a área administrativa do Ponto Frio, na avaliação do professor da FGV. “E aí,com certeza, os postos que são duplicados serãoeliminados”, avaliou Barone. Martins também acredita que, em um primeiro momento, nãodeverá haver mudanças na questão do emprego, ainda que reconheça que uma operação desse porteenvolva sinergias, que “são um eufemismo para controle decustos”. A possível redução da massa deempregados do Ponto Frio não deverá, contudo, acontecerda noite para o dia, na avaliação do professor da FAAP. Com base na liderançaque será exercida no mercado, a partir de agora, pelo Pãode Açúcar, Martins argumentou que “liderançarequer capital humano”. E acrescentou que é possível,inclusive, que haja um crescimento da oferta de empregos. “Éum investimento ousado porque a própria rede Pão deAçúcar está passando por uma reestruturação” A fusãoresultará em um faturamento anual para o Pão de Açúcarde cerca de R$ 26 bilhões.