Brasil detém recorde de inscrições do prêmio internacional Empreendedor Social

05/04/2009 - 17h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os projetos sociais do Brasil vêmse destacando a cada ano, disse o representante do PrêmioEmpreendedor Social no Brasil, Cássio Aoqui. Promovidoanualmente pela fundação suíça Schwab emmais de 20 países, o prêmio está com inscriçõesabertas até o dia 7 de junho. Aoqui destacou que a cada ano aumentao número de inscrições de projetos brasileiros: no primeiro concurso, em 2005, foram 125 e,no ano passado, 345. Segundo ele, isso representa um recorde mundiale corresponde à soma dos projetos apresentados pela China epelos Estados Unidos.Para concorrer ao Prêmio Empreendedor Social, os projetos precisamestar consolidados, isto é, ter mais de três anos deexistência e atender aos critérios de inovação,sustentabilidade e impacto social direto. "Procuram-sepropostas pioneiras, novas ou aplicadas de forma inovadora e quefaçam grande diferença no meio social”, explicou Aoqui. Em termos de sustentabilidade, é preciso haver garantiade continuidade da organização no longo prazo. Oprojeto deve definir de forma clara qual é sua influênciano público que pretende atingir.

“Além dessescritérios principais, existem os de alcance, abrangênciae efeito multiplicador, que fazem com que o projeto esteja prontopara ser replicado por todos os países nos quais a FundaçãoSchwab tem representatividade.”

Já oPrêmio Empreendedor Social de Futuro, criado este ano pela FundaçãoSchwab, é destinado a um público novo, “muito importantepara o país”, e tem como alvo projetos de um atétrês anos de existência. “Não queremos idéias,simplesmente. Queremos projetos com ações concretas,mas, no Empreendedor de Futuro, o critério principal vai ser ainovação.”

Segundo Aoqui, osvencedores não recebem prêmios em dinheiro. Eles têmo perfil publicado em um caderno especial da FundaçãoSchwab e podem participar da reunião anual do FórumEconômico Mundial, em Davos, na Suíça, ou doFórum Econômico da América Latina, entre outroseventos. Além disso, os empreendedores sociais participam darede social da fundação, que já selecionou 153líderes de 139 organizações em 44 países.

Os premiados podemainda ganhar bolsas de estudo em universidades de renome mundial econsultoria internacional gratuita. “Eles recebem a base para quepossam expandir cada vez mais seus projetos”, disse Aoqui. Os nomesdos vencedores do prêmio no Brasil serão conhecidos nofim deste ano, em São Paulo.

Na primeira ediçãodo prêmio no Brasil, o vencedor foi o projeto Saúde eAlegria, do médico paulista Eugenio Scannavino Netto, que atuadesde 1987 em Santarém, no Pará. O projeto , que usa um barcopara levar à população ribeirinha meios de obtermelhores condições de vida, saúde e educação, acabou se expandindo para outros países, comparcerias internacionais.

Em 2006, FlávioBibancos, da organização não-governamentalDentistas do Bem, de São Paulo, recebeu o prêmio com umprojeto que já foi replicado no exterior. A iniciativa reúnevários odontologistas que oferecem tratamento dentárioà população e trabalham também a questãoda auto-estima, sobretudo de crianças e jovens carentes.

No ano seguinte, TiãoRocha, mentor do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, de BeloHorizonte, ficou com o prêmio. “O Tião criou uma sériede metodologias que, antes mesmo de vencer o prêmio, jáeram conhecidas e haviam sido copiadas em Moçambique e Angola,por exemplo”.

No ano passado, pelaprimeira vez, o vencedor não foi um representante do terceirosetor, mas uma empresa social. Empresas com fins lucrativos  também podem concorrer, desde que tenham foco de atuação na áreasocial. O vencedor foi André Albuquerque, de Curitiba, criadorda Terra Nova. A companhia faz regularização fundiáriasustentável.

“Ele criou umametodologia para facilitar o processo de regularizaçãodas terras em ocupações ilegais e, a partir daí,fazer o desenvolvimento urbanístico da região,sobretudo nas áreas carentes e periferias das grandescidades”. Albuquerque deverá participar, em 2010, do FórumEconômico Mundial e das demais reuniões promovidas Fundação Schwab em todo o mundo.

A fundaçãofoi criada em 1998 por Klaus Schwab, idealizador do FórumEconômico Mundial, e sua mulher Hilde, com o objetivo depromover o empreendedorismo social como estímulo àinovação.