Correios ameaçam descontar dias parados de quem aderir à greve

03/07/2008 - 0h10

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Empresa Brasileira de Correios eTelégrafos divulgou hoje (2), comunicado onde informa que vai descontar os dias parados do funcionários que aderirem à greve. A paralisação foi decidida por trabalhadores dos Correios, em vários estados, na madrugada de ontem (1).Na nota, a empresa justifica que a decisão foi tomada “visando a zelar pelo interesse dasociedade, se vê obrigada a adotar todas as medidas necessárias para amanutenção dos serviços, descontando os dias parados nos salários dosempregados que aderirem ao movimento grevista”.Segundo a direção do movimento em Brasília, a adesão é de 70% da áreaoperacional, e a partir de amanhã (3), deverá subir para 80%. Aárea operacional compreende carteiros, atendentes, motoristas eoperadores de triagem e transbordo, que selecionam a correspondênciapara distribuição aos destinatários.Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Distrito Federal (Sintec/DF), Moysés Leme da Silva Neto, a ameaça dedescontar os dias parados é mais uma demonstração de “truculência” dadireção da empresa.Ele disse que a decisão não intimida dos trabalhadores, que vãocontinuar em greve até terem suas reivindicações atendidas: negociaçãode um Plano de Carreira, aumento do piso salarial de  R$ 603,00 para R$1.119,00 e incorporação definitiva da gratificação de risco de 30% aossalários dos carteiros.Moysés afirmou que essas reivindicações foramapresentadas ao presidente Lula, em reunião no Palácio do Planalto, realizada em novembro do ano passado. Segundo o sindicalista, na ocasião, opresidente chamou os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e dasComunicações, Hélio Costa, e mandou que providenciassem o atendimentoda pauta apresentada pelos empregados dos Correios.Ainda de acordo com Moysés, depois disso,o presidente da empresa, Carlos Henrique Custódio, se recusa a cumpriro acordo.Os Correios alegam, na nota, que a empresa “em exaustivas negociações com representantes dos  empregados,empenhou todos os esforços no sentido de atender as reivindicações dostrabalhadores, sem ferir a legislação vigente. Numa primeira etapa,pagou o valor pleiteado, a título de abono emergencial, a 43.988empregados”.A empresa relatou ainda que implantou osadicionais de Atividade de Distribuição e Coleta e o de Atividadeem Guichê de Agências de Correios, no valor fixo de R$ 260.Os Correios afirmam que os ganhos dos seusempregados, especialmente nos cargos de nível básico e médio, entre osanos de 2003 e 2007, foram superiores aos reajustes do salário-mínimo edo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em 2003, o salário base inicial de carteiro era de R$ 395,94 e,hoje, é de R$ 603,66.A nota dos Correios diz ainda que “outro importanteganho da categoria foi a implantação de um Plano  de Carlos, Carreirase Salários (PCCS) moderno, que contempla, dentre muitas outrasvantagens, a possibilidade de ascensão funcional”.Essa informação é rebatida por Moysés Leme da Silva Neto, que desafia o presidente daempresa a mostrar o acordo que deveria ter sido assinado com asentidades representativas dos trabalhadores para adoção do Plano.