Perigo do alcoolismo entre crianças e adolescentes começa dentro de casa, diz especialista

19/02/2007 - 13h51

Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - O perigo de envolvimento de crianças e adolescentes com bebidas alcoólicas começa dentro de casa. A afirmação é do coordenador do Ambulatório de Psicologia da Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto (SP), José Henrique Rios. De acordo com Rios, o Brasil é o terceiro país da América Latina com maior número de alunos de ensino médio que consomem álcool.“O exemplo que se tem dentro de casa funciona como parâmetro que acaba sendo reproduzido e visto [pela criança e pelo adolescente] como padrão aceitável. Lá fora [nos ambientes públicos], a bebida já é aceita. Se, em casa, isso também ocorrer, é um passo para que esse jovem se torne dependente”, disse Rios, em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.Segundo ele, alguns pais chegam a dar cachaça às crianças para que durmam melhor, fiquem calmas, relaxadas, o que lhes permite assistir à televisão sossegados. Rios afirmou que os perigos do álcool vão além da perda de coordenação, que pode levar à ocorrência de acidentes. Para ele, os efeitos mais danosos são os desvios de conduta e de personalidade que o álcool provoca.     “A dependência provoca alterações psíquicas que podem resultar no desenvolvimento de duas personalidades em uma pessoa. Por exemplo, uma natural, introvertida, tímida e insegura, que, sob o efeito do álcool, se torna extrovertida, comunicativa”, disse ele.Rios explicou que a diferença entre quem bebe socialmente e o dependente químico é que o primeiro consome a bebida por prazer, por gostar, enquanto o segundo busca os efeitos que a bebida causa, o mais rapidamente possível. O problema é que, com o passar do tempo, o organismo precisa de maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos.      Além do "mau exemplo" que pode vir do ambiente familiar, Rios lembrou o impulso natural dos jovens de experimentar coisas novas e fazer coisas proibidas, aliado ao fácil acesso que eles têm ao álcool, como drogas socialmente aceita. Na opinião do especialista, esses também são fatores que podem levar crianças e adolescentes ao consumo de bebidas alcoólicas.