Famílias sem terra participam de laboratório em MS

21/02/2002 - 16h55

Campo Grande, 21 (Agência Brasil - ABr) - Trezentas e vinte famílias de trabalhadores rurais  ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra participam a partir de hoje, até o dia 31 de março, de um projeto de reforma agrária na fazenda Itamarati, no município de Ponta Porã, que fica na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. É o Projeto Laboratório, do qual fazem parte dezessete grupos, com dezenove famílias cada, oriundas de vários municípios das regiões de Itaquiraí, Eldorado, Ponta Porã, Dois Irmãos de Buriti e Novo Horizonte do Sul. A iniciativa é considerada um avanço na reforma agrária no estado, com trinta cursos de capacitação, teórica e prática, em atividades agropecuárias e específicas que serão desenvolvidas naquele assentamento, com mais de 1200 famílias.
O evento conta com a participação de técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Idaterra)m e de representantes da Cut e do MST. O objetivo é verificar as condições de adaptação das famílias do MST ao sistema coletivo de produção que será adotado no assentamento. Na programação do laboratório estão  incluídos temas como a teoria da organização, apicultura, com 170 caixas de abelha, manutenção de horta comunitária, avicultura com dois aviários,cada, segurança alimentar e plantio de feijão em quatro pivôs , em 460 hectares.
Para o diretor presidente do Idaterra, Sandro Fantini, a reforma agrária no estado tem conseguido avanços. "Para este ano são grandes as expectativas. Entre elas, está a afinação dos movimentos sociais com o mesmo propósito de conquistas e sucessos", afirmou.
Representantes de vários estados, coordenadores de assentamentos locais e integrantes de cooperativas também participam dos cursos para divulgar experiências de sucesso desenvolvidas em outros projetos espalhados pelo país.  Aos sábados, serão apresentados aos trabalhadores rurais painéis de discussão sobre os temas produção, meio ambiente entre outros. 
    A reforma agrária em MS conta com o Programa Água no Campo, que começou a ser executado em 2001, e já chegou a assentamentos nos municípios de Anaurilândia, Aral Moreira, Bataguassu, Bela Vista, Bonito, Dourados, Guia Lopes da Laguna, Itaquiraí, Ivinhema, Japorã, Jaraguai, Maracaju, Nioaque, Miranda, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, São Gabriel do Oeste e Terenos, beneficiando 2.745 famílias. Cerca de 21 assentamentos rurais também estão sendo beneficiados com projetos de eletrificação.
Os investimentos aplicados nas obras, iniciadas em 2000 e entregues em 2001, custaram R$ 7,3 milhões. As obras fazem parte dos programas federal e estadual de desenvolvimento socioeconômico das famílias de assentados. O estado de Mato Grosso do Sul é o único estado brasileiro que cobre 100% dos investimentos, garantindo total gratuidade aos beneficiados. Ao todo 2.787 famílias de 13 municípios sul-mato-grossenses já estão desfrutando de energia elétrica nos lotes.
Outras 574 famílias de outros quatro assentamentos também já estão utilizando do benefício. O Programa de Eletrificação Rural Luz no Campo é uma parceria do governo federal, através da Eletrobrás, governo de Mato Grosso do Sul e Enersul (Emprea Energética de MS).Até o final da primeira fase do programa, em abril deste ano, devem ser aplicados R$ 34 milhões para o atendimento de 6.662 propriedades, entre assentamentos e áreas particulares como sítios, chácaras e fazendas.
Nos cálculos do governo, vão ser beneficiados 26,6 mil habitantes, elevando o índice de propriedades atendidas na zona rural de Mato Grosso do Sul de 59% para 73%. O programa prevê, nessa, fase, a instalação de 35.450 postes, 3.556 transformadores totalizando potência de 41.845 KVA  e 3.064 quilômetros de rede.
Até março deste ano, o Programa Luz no Campo prevê a entrega da eletrificação rural em outros oito assentamentos, beneficiando mais 1.186 famílias. As obras estão em andamento e muitas delas já estão quase concluídas.
O Programa Luz no Campo não se restringe apenas aos assentamentos rurais. Proprietários particulares de sítios, chácaras e fazendas também estão sendo beneficiados com o programa. Ainda este mês, há previsão de iniciar 981 novas obras de eletrificação. 50 municípios sul-mato-grossenses estão inscritos no programa. (Marília de Castro)