Serra diz que debate foi fundamental para os eleitores indecisos

26/10/2002 - 20h09

Brasília, 26/10/2002 (Agência Brasil - ABr) - O último dia de campanha do candidato à presidência da República, José Serra, foi marcado pelo corpo a corpo com os eleitores de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Acompanhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição , Serra aproveitou o dia ensolarado na capital para sair em busca de mais votos.

Depois de voltar do Rio de Janeiro, onde participou, ontem à noite, de debate na TV Globo, o candidato tucano participou de uma caminhada silenciosa no parque do Ibirapuera. Durante cerca de duas horas, Serra e Alckmin foram cumprimentados por simpatizantes, posaram para fotos e falaram com a imprensa que acompanha cada passo dos dois candidatos aos cargos mais cobiçados do país: o de presidente da República e de governador do maior estado brasileiro.

Em rápida entrevista, Serra, avaliou que a realização do debate televisivo a menos de 48 horas das eleições foi fundamental para o eleitor indeciso optar por um dos concorrentes e para esclarecer as propostas de cada um no caso de governar o Brasil. Para o candidato, a tese de realizar mais debates, defendida durante todo o segundo turno, só foi reforçada com a realização do confronto na Rede Globo.

Sem querer fazer críticas ao formato escolhido pela emissora, Serra apenas lamentou o fato de não ter podido entrar em confronto direto com Luís Inácio Lula da Silva durante o debate. "O debate mostrou que eu tinha razão em pedir mais de um encontro. Agora acredito que serviu para esclarecer propostas e vai ajudar a população a tomar uma decisão mais consciente", disse.

Serra voltou a criticar o que considera ambigüidades do candidato da oposição ao citar os exemplos do reajuste do mínimo e a redução da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 21%. Segundo o tucano, ontem, no debate, Lula não deixou claro sequer se pretende reajustar o valor do mínimo, muito menos para qual valor ele seria elevado. "Eu deixei claro que vou reajustar em 50% mais a inflação. Lula não se manifestou, apesar de ter sido questionado por mim", afirmou.

Quanto à taxa de juros, Serra lembrou que durante a campanha, Lula defendeu várias vezes a necessidade de reduzir os juros, mas agora, no final da campanha ,alguns de seus interlocutores já falam em manutenção para evitar a volta da inflação. "Parece que com a chegada da inflação ele ficam mais vagos. Afinal o que farão com os juros? Provavelmente nada, assim como o salário mínimo", criticou.

Apesar das pesquisas de intenção de voto darem como certa a vitória de Lula, o candidato tucano não se mostrou desanimado. Ao contrário, ele garantiu estar confiante na virada e alfinetou o adversário dizendo que comemorar antes da hora seria um desrespeito com o eleitor. "Eu acredito na vitória. Eleição se ganha na hora e respeito muito o voto dos brasileiros. Quando estávamos na expectativa do primeiro turno alguns diziam que o Lula ia ganhar de primeira e cheguei ao segundo turno", afirmou.

Seja qual for o resultado, Serra fez questão de lembrar que não tem problemas de natureza pessoal com Lula e que apenas discorda de sua visão na condução do governo do Brasil. "Eu não tenho diferenças pessoais com o Lula, mas temos diferenças quanto ao que fazer no Brasil, como enfrentar os desafios do Brasil nos próximos anos", explicou.

Depois de deixar o Ibirapuera, Serra e Alckmin seguiram, em carreata, pelas ruas da zona sul paulista, percorrendo trechos mais carentes como Capão Redondo e Taboão da Serra. Cerca de mil carros seguiram os dois candidatos e várias pessoas os saudaram durante o percurso. Serra terminou o dia com um encontro reservado ao arcebispo de São Paulo, D. Cláudio Hummes.

Amanhã, ele vota no Colégio Santa Cruz, zona oeste de São Paulo, pela manhã. Durante o resto do dia acompanha a totalização dos votos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sua residência, no bairro de Alto de Pinheiros.