Da Agência Lusa
Damasco – Os inspetores envolvidos na destruição do arsenal químico na Síria registraram “progressos encorajadores”, disse hoje (04) a Organização das Nações Unidas (ONU), que admitiu a chegada ao terreno na próxima semana das equipes que vão desmantelar esse armamento. O presidente sírio, Bashar Al Assad, também voltou a negar a utilização pelo seu Exército de projéteis equipados com ogivas químicas em 21 de agosto nas regiões controladas pelos rebeldes perto de Damasco.
O ataque, confirmado por especialistas da ONU, que no entanto não determinaram os autores, originou uma ameaça de ataques aéreos dos Estados Unidos e da França contra o regime sírio, antes do acordo russo-norte-americano que permitiu uma resolução da ONU para legitimar o desarmamento do arsenal químico. O acordo prevê o desarmamento químico do país até meados de 2014.
A missão conjunta da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Oiac) e da ONU na Síria, no país desde terça-feira (1º), “registrou os primeiros progressos encorajadores” e os documentos entregues pelo governo sírio na quarta-feira (2) “parecem promissores”, informaram as Nações Unidas em comunicado.
A ONU referiu-se na quinta-feira (3) a uma “boa cooperação no nível técnico com as autoridades sírias”, apesar de serem necessárias “análises complementares”.
Os inspetores responsáveis pelo desarmamento do arsenal químico na Síria, calculado em mais de 1 mil toneladas, começaram desde quarta-feira a “demarcar” os locais, em colaboração com as forças sírias, e “esperam iniciar as inspeções e o desmantelamento na próxima semana”.
Assad voltou a desmentir que as suas tropas tenham protagonizado os ataques de 21 de agosto, apesar de admitir que as armas são controladas por “forças especiais”, as únicas com capacidade para as utilizar.
“Preparar estas armas é uma operação técnica complexa (…) e é necessário um processo especial para a sua utilização que implica, previamente, uma ordem central do Estado-Maior das Forças Armadas. É impossível que tenham sido utilizadas”, disse Assad em entrevista à televisão privada turca Halk-TV.
É a primeira vez que uma operação de desarmamento químico ocorre em um país em plena guerra. O conflito sírio começou em março de 2011 e já provocou mais de 115 mil mortos, segundo diversas organizações internacionais.
Os combates também já forçaram 6 milhões de sírios a abandonar as suas casas e 60 mil refugiaram-se no vizinho Iraque durante o mês de agosto, informaram esta semana os Médicos sem Fronteiras (MSF). Cerca de 2,1 milhões de civis sírios permanecem refugiados nos países vizinhos.
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