Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Corpo de Bombeiros ainda trabalha com a expectativa de encontrar pessoas com vida sob os escombros da obra do prédio comercial que desabou na manhã de ontem (27) no bairro São Mateus, zona leste paulistana. "Apesar do que a gente sabe, com o passar do tempo, fica mais difícil. Se a pessoa estiver em um local onde consegue respirar, pela formação de vãos, não estiver com fraturas ou grandes hemorragias, é possível sobreviver", explicou o porta-voz da corporação, tenente Kleber do Vale. Cinco retroescavadeiras auxiliam cerca de 70 bombeiros que se revezam no trabalho. Dois pontos de busca foram identificados com a ajuda de cães farejadores e com o relato de sobreviventes.
Oito corpos foram retirados do local onde estava sendo construído um prédio de dois pavimentos, que abrigaria uma loja de roupas, e 26 trabalhadores foram resgatados com ferimentos leves, moderados e graves. Não há previsão para que os trabalhos sejam encerrados.
O pintor maranhense Gleison Feitosa, 24 anos, voltou ao local do acidente hoje depois de ter permanecido duas horas sob os escombros ontem. "Foi muito rápido, em menos de cinco segundos já estava tudo no chão", relatou. Ele conta que sete pessoas estavam próximas dele no momento em que a laje caiu. Os dois desaparecidos moravam com o pintor em um alojamento. Feitosa conta que os funcionários comentavam sobre os riscos da construção. "A gente comentava que tinha muito peso da laje, que os pilares eram muito fracos", apontou.
O impacto do desabamento levou a Defesa Civil a interditar seis imóveis ontem – quatro casas e dois prédios comerciais. "No fim do dia, no entanto, liberamos duas casas, porque vimos que eram danos de pequena monta e não justificava deixar as famílias desabrigadas", disse o coordenador de Operações da Defesa Civil do município, Clóvis Pontual. Uma nova vistoria feita na manhã de hoje levou à liberação de mais três imóveis. "Mantivemos a interdição de uma casa e dois pontos comerciais", informou. As famílias optaram ficar na casa de parentes.
Em um dos imóveis funciona uma loja de aluguel de roupas para festa. A proprietária Neli Mendes Franco, 62 anos, está apreensiva com interdição da loja porque tem uma festa de 15 anos e um casamento nesta semana. Na manhã de hoje, bombeiros entraram no local para retirar algumas peças. “Minhas clientes estão desesperadas, até já ameaçaram entrar com um processo, a ajuda do Corpo de Bombeiros já dá um alívio”.
A dentista Taily Andrade, 22 anos, estava ao lado do prédio em construção e viu o momento em que ele caiu. A entrada do consultório dela, que fica ao lado do edifício, ficou destruída. “Não tenho como contabilizar o prejuízo agora e na verdade essa nem é a maior preocupação diante de tudo o que aconteceu”. Ela esteve no local na manhã de hoje a pedido da Defesa Civil para levar a chave do imóvel. Durante o acidante na manhã de ontem, a dentista não estava no consultório.
Apenas cinco das 26 pessoas que ficaram feridas no desabamento permanecem internadas. Quatro estão no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera. Segunda a assessoria de imprensa do hospital, três apresentam quadro de saúde estável. Uma está internada, em estado grave, na unidade de terapia intensiva (UTI). A quinta vítima está internada, em estado estável, no Hospital Geral de São Mateus, onde passou por uma cirurgia ontem.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os oito mortos foram identificados. Seis nasceram no Maranhão e um no Tocantins. Não foi informado o local de nascimento da oitava vítima.
Edição: Juliana Andrade // Matéria alterada às 17h24 para acréscimo de informações
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