Da Agência Lusa
Brasília - O governo de coligação do italiano Enrico Letta foi empossado hoje (28), levando esperança a um país em recessão, ao fim de dois meses de um impasse pós-eleitoral que foi observado atentamente pelos parceiros europeus.
Encarregado de formar governo na quarta-feira (24) pelo presidente Giorgio Napolitano e após aceitar a função oficialmente ontem (27), o cristão democrata de esquerda Enrico Letta tomou posse no palácio presidencial do Quirinal, seguido dos seus 21 ministros.
Aos 46 anos, Letta será um dos mais jovens primeiros-ministros da União Europeia. Ele deverá apresentar seu programa em uma sessão parlamentar amanhã (29) e um dia depois o seu governo sujeita-se a um voto de confiança no Parlamento.
O impasse político complicou os esforços para pôr fim à pior recessão do país em 20 anos e Letta já disse que quer atuar com rapidez para controlar o desemprego, atualmente em 11,6% e impulsionar o crescimento.
O dirigente de esquerda quer também se afastar da austeridade imposta por seu antecessor, Mario Monti, de forma a proteger Itália da crise da dívida da zona do euro, promessa que será acompanhada de perto pelos investidores, preocupados com a dívida italiana, de 2 bilhões de euros.
Com 21 membros, sete dos quais mulheres, o governo reúne figuras de vários partidos políticos, desde o Partido Democrata, de Letta, ao Povo da Liberdade, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Berlusconi não faz parte do elenco governamental, mas o chefe de seu partido, Angelino Alfano, ex-ministro da Justiça, é agora vice-primeiro-ministro e ministro do Interior.
Fabrizio Saccomanni, diretor-geral do Banco da Itália desde 2006, é o titular da pasta da Economia e Finanças e Emma Bonino, antiga deputada do Partido Radical e ex-comissária europeia, foi escolhida para ministra dos Negócios Estrangeiros. Anna Maria Cancellieri, que era ministra do Interior no governo passado, liderado por Mario Monti, passa a ocupar a pasta da Justiça.
"Era o único governo possível, e a sua formação não podia esperar", afirmou o presidente Giorgio Napolitano que, no início da semana, ao tomar posse para um segundo mandato, fez um discurso duro apelando aos partidos para se entenderem e porem fim ao impasse político observado desde as legislativas de fevereiro, que não deram uma maioria clara à nenhuma força política.
A coligação entre partidos de esquerda e de direita permitirá ao novo governo obter a confiança das duas câmaras do Parlamento, como prevê a Constituição, avaliou Napolitano.