Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Relatório econômico e social sobre os grandes países da Ásia e da região do Oceano Pacífico divulgado nesta quinta-feira (18) em Brasília pelas Organização da Nações Unidas (ONU) mostra que houve grande crescimento econômico da maioria deles nas últimas décadas, mas os governos não promoveram distribuição de renda e políticas sociais relevantes em favor de suas populações condizentes com o crescimento. Entre os países, se destacam a China, a Índia, a Indonésia, o Japão, a Malásia, Rússia, Turquia e o Vietnã.
Para o coordenador residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Jorge Chediek, a experiência de países da América Latina, em especial do Brasil, "não só pode servir de modelo quanto já está sendo requisitada pelos países asiáticos e do Pacífico, na área do desenvolvimento de políticas de proteção social". Chediek avalia que essas nações vão ter retorno se fizerem esse tipo de investimento em favor de suas populações. Ele diz que esses países mostraram essa disposição, pois mandaram muitas missões ao Brasil para conhecer as políticas praticadas na área da proteção social, "que aqui estão entre as melhores do mundo".
"São países que têm boa poupança interna, equilíbrio fiscal, pouco endividamento, cobram impostos em níveis baixos, por isso têm condições de promover a melhoria de vida de seus povos", disse o representante do Pnud, que participou do seminário A Ásia e o Brasil: Perspectivas para o Crescimento Inclusivo na manhã de hoje na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para Chediek, os asiáticos desenvolveram um modelo de desenvolvimento diferente dos Estados Unidos e dos países Europeus, no entanto não têm políticas ambientais sustentáveis e há ajustes internos que ainda precisam ser feitos.
Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Fábio Veras, coordenador de Pesquisa do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Pnud, a desigualdade era muito baixa nesses países há cerca de dez anos e se tornou crescente nos últimos anos, por isso os governos começaram a se preocupar com a questão. Apesar de concordar que eles podem copiar a experiência brasileira em muitas áreas, o diretor do Ipea diz que não devem no entanto, copiar o modelo de aposentadorias do Brasil, que considera um erro, com a diferenciação entre os sistemas do setor publico com o setor privado.
Com relação à possibilidade de negócios do Brasil com os países asiáticos e do Pacífico, Renato Bauman, diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, vê necessidade do Brasil sair da posição de exportador de produtos primários para vender manufaturados, pois esse é o grande trunfo dos países industrializados. Há ainda barreiras comerciais que precisam ser negociados para regularizar o comércio do Brasil com a Ásia, que cita práticas ilegítimas de comércio, como o protecionismo.
Edição: Fábio Massalli // Matéria alterada para acréscimo de informação
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