Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reiterou hoje (23) à Agência Brasil que o agravamento da tensão na Síria é “monitorada” pelo governo do Brasil com atenção por meio de relatos de brasileiros e estrangeiros que estão no país.
Segundo ele, há expectativa em torno da negociação para aprovar, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a manutenção dos observadores estrangeiros na região até o final de agosto. Há 16 meses, o país está em crise e mais de 16 mil pessoas morreram neste período.
Desde sexta-feira (20), a Embaixada do Brasil na Síria funciona parcialmente. A maior parte dos serviços passou a ser feita nas representações do Brasil em Beirute, no Líbano, e em Amã, na Jordânia. A transferência do embaixador do Brasil em Damasco, Edgard Casciano, dos diplomatas e de algumas atividades ocorreu por motivos de segurança, segundo Patriota.
O representante do governo brasileiro para os Assuntos de Oriente Médio, embaixador Cesário Melantonio Neto, disse à Agência Brasil que a comunidade internacional atua para evitar a adoção de medidas que possam aumentar o “clima de apreensão”, semelhante ao que houve na Líbia no ano passado. “O potencial de desestabilidade na Síria é imenso, basta observar os vizinhos”, disse.
A Síria está próxima do Líbano, da Turquia, da Jordânia, de Israel e do Iraque – todos países que constantemente estão em alerta por tensões internas e externas. O embaixador chegou ontem (22) dos Estados Unidos, onde participou das reuniões de um grupo trabalho sobre Oriente Médio cujo tema principal foi Síria.
“O Brasil e vários países trabalham para tentar buscar uma saída pacífica e de manter os esforços por uma transição [de poder] para, assim, evitar um derramamento de sangue maior do que o que vem ocorrendo”, disse Melantonio Neto, primeiro representante do Brasil na Liga Árabe (integrada por 23 países).
O embaixador disse que as autoridades brasileiras e estrangeiras estão preocupadas com a possibilidade de uso de armas químicas e também com o aumento de armas e munições na região. Melantonio Neto acrescentou que as duas ameaças são reais porque o governo sírio dispõe de um imenso arsenal de armas químicas e, paralelamente, perdeu poder sobre as regiões de fronteira – Líbano, Turquia e Jordânia.
“O temor é que o fluxo de armas, por meio das fronteiras, aumente, uma vez que essas regiões foram tomadas por vários grupos”, disse o embaixador. “O receio é que a militarização dos conflitos aumente ainda mais principalmente se o poder for tomado por grupos radicais.”
Edição: Carolina Pimentel
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