Da Agência Brasil
São Paulo - O crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2012, divulgado hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi considerado fraco e aquém do desejado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). Segundo o economista da instituição Altamiro Carvalho, o consumo das famílias, que registrou aumento de 2,5% em relação ao primeiro trimestre de 2011, sustentou a alta no PIB, impedindo que o desempenho fosse ainda mais fraco.
“Esse dado é bastante substancial e mostra que o mercado interno esta respondendo positivamente ao aumento da renda e da disponibilidade de crédito. O consumo das famílias é o que está sustentando [o PIB]. Mas, se os investimentos não melhorarem, o consumo, que vem sendo a alavanca desses resultados positivos, não consegue se manter”, declarou Altamiro.
Para ele, o que puxou para baixo o valor do PIB foi o fraco desempenho da indústria, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. “O crescimento do setor continua baixo. No primeiro trimestre [deste ano] ficou praticamente estagnado, com alta de 0,1% ante os primeiros três meses de 2011”. O economista lembra que o volume de investimentos feitos no país caiu 2,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2011. “A melhora nesse número é condição fundamental para que se mantenha o mercado interno aquecido. A geração de emprego e renda não se dá forma espontânea, é preciso que existam investimentos. O governo precisa incentivar.”
Para Altamiro, as medidas já adotadas pelo governo, de corte de juros e desoneração fiscal ainda são insuficientes para manter o consumo em níveis satisfatórios. “O esforço atual é muito longe do suficiente para surtir o resultado desejado. A média dos juros do último trimestre foi apenas 0,9% menor do que a do último trimestre do ano passado. Há um espaço para cair em média 25% a mais. Essa redução representaria um aumento no montante disponível para consumo de algo em torno de R$ 40 bilhões”.
Ele destaca ainda que a redução do Imposto sobre Produção Industrial (IPI) para os automóveis deve ter efeitos apenas em médio prazo. “Os estoques estão muito altos, então, o reflexo dessa redução não deve ser imediato. Deve demorar ainda algum tempo, mas certamente é o caminho correto. É uma atividade que tem uma oneração fiscal muito alta, que representa muito na cadeia produtiva”. Ele disse que, no curto prazo, o varejo deve mostrar um aumento de vendas considerável, mas, na produção industrial, o resultado deve vir no segundo semestre.
Edição: Juliana Andrade