Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Primeira companhia negra de dança contemporânea do Brasil, a Cia Rubens Barbot vai comemorar 21 anos de existência com o projeto Ocupação Negra, que será aberta no próximo dia 20 com a estreia do espetáculo de dança Um Rio, de Janeiro-a-Janeiro.
As atividades do projeto se desenvolverão no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça Onze, centro do Rio, todas com entrada franca. Até o fim da temporada, no dia 6 de maio, o evento contará com oficinas e workshops, ministrados por renomados bailarinos; exibição de filmes e vídeos de dança contemporânea e cultura afro; exposição de tapeçarias e fotografias; e palestras.
O grupo foi criado em 1990 pelo bailarino e coreógrafo negro Rubens Barbot. Gaúcho radicado no Rio de Janeiro, ele já vinha pesquisando o contemporâneo na gestualidade dos corpos negros, quando decidiu formar a companhia. “Hoje, não somos um caso único, graças a Deus. Em 1990, nós éramos uma exceção. A partir da nossa, surgiram várias outras companhias negras de dança contemporânea no país”, relata Gatto Larsen, coordenador de produção da Cia Rubens Barbot desde a fundação do grupo.
Segundo ele, a trajetória da companhia no Brasil e no exterior poderia até ser melhor, não fosse o preconceito que ainda existe. “Nós somos meio off, meio marginais, uma companhia suburbana, que tem orgulho dessa condição”, ressalta. Mesmo assim, o grupo já excursionou pela Alemanha, França, Argentina e outros países, além de vários estados brasileiros.
Com trilha sonora que vai de Cartola, Paulinho da Viola e Luiz Melodia a Jorge Aragão, Carlos Dafé e Agrião, Um Rio, de Janeiro-a-Janeiro é um olhar bem-humorado sobre a gestualidade do carioca. “Montamos um espetáculo que fala do Rio e do carioca, mas não sentido da malandragem, especificamente, mas no seu comportamento cotidiano, na rua. E tudo isso acontece com a cidade projetada de muitíssimas formas no palco, em fotografias, vídeos. A cidade faz a pele dos bailarinos”, explica Gatto Larsen.
Até 6 de maio, as apresentações serão de sexta a domingo, às 20h. Na próxima segunda-feira (23), Dia de São Jorge, feriado municipal no Rio, haverá uma apresentação extra, também às 20h.
Haverá duas oficinas: Linguagem à Companhia, de 24 a 27 de abril, e Técnica Horton, de 30 de abril a 4 de maio. Os workshops Danças Religiosas de Matriz Africana na Contemporaneidade e Hip-hop no Contexto da Cia Rubens Barbot ocorrerão nos dias 28 e 29 de abril e 5 e 6 de maio, respectivamente.
Nove vídeos e filmes de dança serão exibidos de 24 de abril a 4 de maio, entre eles curtas, documentários e registros da própria companhia. Na Galeria Ismael Nery do centro cultural, tapeçarias de Barbot e fotografias do making of do grupo estarão expostos durante toda a temporada.
Edição: Lana Cristina