Da BBC Brasil
Brasília - A polícia chinesa prendeu seis pessoas e fechou 16 sítios de internet por causa de rumores espalhados pela rede mundial de computadores de que veículos militares estariam ocupando as ruas de Pequim. A informação é de fontes oficiais do governo chinês.
As mensagens que sugeriam um possível golpe militar em curso, sem nenhum indício, repercutiram na última semana em alguns meios de comunicação internacionais, em um momento de tensão por causa da recente demissão do prefeito da cidade de Chongqing, Bo Xilai, um dos políticos mais populares do país.
Bo Xilai foi retirado do cargo após o chefe da polícia da cidade, que tem cerca de 30 milhões de habitantes, ter buscado refúgio no consulado dos Estados Unidos, supostamente após ter iniciado uma investigação sobre parentes do prefeito.
Desde então, uma série de acusações vêm sendo divulgadas contra o ex-prefeito. No início da semana divulgou-se a informação de que o governo do Reino Unido teria pedido às autoridades chinesas que reabrissem as investigações sobre a morte do empresário britânico Neil Heywood, supostamente amigo do ex-prefeito.
A novela política em torno de Bo Xilai representa a maior crise política enfrentada pelos líderes chineses em vários anos.
O país se prepara para iniciar o processo de mudança na liderança do país, em um ritual que ocorre apenas uma vez a cada dez anos. A demissão de Bo Xilai, considerado até então um dos favoritos para promoção no Politburo (comitê central) do Partido Comunista, sugere uma feroz batalha de bastidores pelo controle do partido.
Antes das prisões e do fechamento de sites anunciados hoje, os censores chineses já vinham bloqueando as buscas por termos ligados ao ex-prefeito. O departamento do governo que controla a internet no país avaliaram que os rumores de golpe eram "uma influência muito negativa sobre o público".
Dois populares serviços de microblogs no país, Sina Weibo e Tencent Weibo, semelhantes ao Twitter, interromperam temporariamente os comentários sobre postagens de outros usuários. Segundo os sites, os comentários ficarão desativados entre hoje e a terça-feira (3) para que possam "agir para interromper a disseminação de boatos".
Um porta-voz do Departamento de Internet informou à agência Xinhua que os dois serviços foram "criticados e punidos de acordo". Disse ainda que várias pessoas foram "advertidas”.
A ação das autoridades chinesas contra as supostas fontes dos rumores de golpe mostram uma forte preocupação de manter a estabilidade em um momento de transição política e de desaceleração econômica no país.