Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise econômica externa tem gerado impactos no país por meio da redução da demanda externa por produtos brasileiros, das viagens ao exterior e nas menores remessas de recursos de brasileiros que trabalham em outros países. Por outro lado, as empresas brasileiras continuam tendo acesso aos empréstimos no exterior, mesmo com a incertezas do mercado financeiro internacional. A avaliação é do chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha.
De acordo com ele, há menor dinamismo dos parceiros comerciais do Brasil, o que levou à redução do ritmo das exportações e importações, a partir de maio deste ano.
Outro impacto decorre da “situação mais difícil” em países para onde os brasileiros costumam ir, com os da Europa, os Estados Unidos e o Japão. Com isso, há menores remessas de recursos desses pessoas ao Brasil. Em outubro, as receitas que chegaram ao país ficaram em US$ 138 milhões, contra US$ 163 milhões de igual período de 2010. De janeiro a outubro, o total ficou em US$ 1,644 bilhão, ante 1,712 bilhão nos dez meses de 2010.
Os efeitos da crise externa também podem ser percebidos nos dados sobre as viagens internacionais, com redução das idas de brasileiros ao exterior. Segundo Rocha, isso ocorre devido à alta recente da cotação do dólar, o que gera impacto imediato na disponibilidade de recursos para os brasileiros gastarem no exterior. Em outubro, foi registrada a terceira queda seguida em relação ao mês anterior dos gastos de brasileiros em viagens a outros países. No mês passado, as despesas no exterior chegaram a US$ 1,72 bilhão, uma redução em relação ao total de setembro (US$ 1,776 bilhão). Em agosto, os gastos ficaram em US$ 1,902 bilhão depois de registrar US$ 2,195 bilhões, em julho.
Também estão sujeitos ao impacto da crise os empréstimos externos às empresas brasileiras. Entretanto, atualmente, não tem sido observada redução dos empréstimos, como ocorreu na crise financeira internacional, iniciada em 2008. No mês passado, a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos ficou em 412%, “mostrando que as empresas brasileiras em outubro ainda tiveram acesso ao mercado em montante superior ao que precisavam para pagar [os vencimentos]”, segundo ele. Ou seja, o número mostra que as empresas não somente rolaram os vencimentos, mas também tomaram novos recursos.
De acordo com Rocha, em outubro, as empresas tiveram mais acesso a empréstimos diretos do que a negócios por meio de lançamentos de papéis (bônus, notes e commercial papers) no exterior. Mas em novembro, de acordo com Rocha, as emissões de papéis voltaram a crescer. “O mercado internacional neste período ainda está aberto às empresas brasileiras, mesmo com toda a volatilidade e incertezas”, acrescentou.
Edição: Juliana Andrade