Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff expressou hoje (25), ao presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, preocupação com a demora dos países da Europa em tomar medidas eficazes para impedir o avanço da crise econômica. Yanukovich está em visita oficial ao Brasil, onde trata com Dilma da cooperação na área de alta tecnologia e da parceria na área espacial. Dilma recebeu o presidente no Palácio do Planalto no final da manhã e, posteriormente, ofereceu a ele e sua comitiva um almoço no Palácio Itamaraty.
"Discutimos a situação da economia internacional e as perspectivas para a Cúpula do G20, em Cannes. Relatei ao presidente Yanukovich nossa preocupação com o quadro global da economia. A falta de uma ação rápida só levará ao agravamento da crise, com sérias consequências políticas e sociais", informou Dilma em declaração à imprensa logo após encontro privado com o ucraniano.
Segundo a presidenta, o Brasil defenderá, na reunião de Cúpula do G20, que ocorrerá nos próximos dias 3 e 4 de novembro em Cannes, na França, que os países do centro da crise adotem medidas fiscais rigorosas internamente, combinadas com medidas que estimulem a geração de empregos. "A saída da crise exige a combinação equilibrada entre medidas de ajuste fiscal e de estímulo ao crescimento econômico e ao emprego. É preciso um esforço concertado de reequilíbrio de toda economia internacional", destacou.
Dilma disse ainda que o Brasil e outros países não concordam com a "transferência" dos problemas para os emergentes por meio das políticas cambiais e monetárias adotadas por países em crise ou que praticam a chamada "guerra cambial". "Há que sempre evitar que alguns países transfiram para outros os custos de uma conjuntura difícil, seja por artifícios de controle cambial, seja por políticas monetárias excessivamente expansivas, seja por qualquer desequilíbrio financeiro".
Na conversa com Yanukovich, Dilma também falou sobre a necessidade dos países adotarem parâmetros rígidos de segurança na atividade de geração de energia de fonte nuclear. "Ouvi muito interessada e manifestei para o presidente a importância que nós damos à questão da segurança nuclear. Manifestei o interesse do Brasil na Cúpula de Segurança Nuclear, realizada em abril deste ano, por ocasião dos 25 anos do acidente de Chernobil. Aqueles eventos e o de Fukishima mostram a necessidade do aprimoramento constante de todas as instalações nucleares e, aqui, eu estou me referindo àquelas relativas à geração de energia elétrica", disse.
A presidenta reiterou a posição que defendeu, na 66ª reunião da Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), de que o Brasil tem compromisso com os esforços internacionais para o desarmamento e não proliferação de armas de destruição em massa. E pediu apoio do presidente ucraniano ao pleito do Brasil de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. “Coincidimos que as instituições vigentes, concebidas em um mundo bipolar, perderam sua eficiência neste mundo multipolar. Assim sendo, as Nações Unidas carecem de reformas", alegou a presidenta, que aproveitou para oferecer seu apoio ao pleito ucraniano de ser membro não permanente do Conselho de Segurança.
No encontro privado ocorrido no Palácio do Planalto, os dois presidentes conversaram também sobre a preparação para a Conferência Rio+20 e sobre questões de paz e segurança. O Brasil e a Ucrânia assinaram acordos nas áreas de defesa, saúde, agropecuária e promoção de investimentos.
Edição: Lana Cristina