Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Desde cedo um grupo de líbios, que vive no Brasil, está dentro da Embaixada da Líbia em Brasília. Um dos integrantes disse à Agência Brasil que eles só sairão da representação diplomática depois de confirmada a saída do líder líbio, Muammar Khadafi, do poder. Um diplomata brasileiro foi ao local para negociar que a permanência do grupo sem que ocorram conflitos nem embates.
Sadik Jamel, comerciante líbio que faz parte do grupo e mora em Goiânia, disse que eles cobram do governo brasileiro uma posição sobre o conflito na Líbia. Segundo ele, o embaixador Salem Al Zubaidi, representa Khadafi, e eles não reconhecem o atual regime.
Desde fevereiro, a Líbia está em crise. Manifestantes contrários a Khadafi pressionam para ele abra mão do poder, depois de 42 anos no governo. Nesta manhã a oposição conseguiu entrar em Trípoli e cercar o quartel-general de Khadafi. Segundo oposicionistas, três filhos do líder foram capturados.
O embaixador Zubaidi, assume ser fiel ao governo de Khadafi. Mas internamente na Embaixada da Líbia em Brasília há divisões entre diplomatas e funcionários. Alguns se mantêm ao lado do atual regime, enquanto outros são favoráveis ao governo do Conselho Nacional de Transição.
Desde sexta-feira (19), quando houve um confronto entre fieis a Khadafi e simpatizantes da oposição na Embaixada da Líbia em Brasília, a bandeira do Conselho Nacional de Transição – que é controlado pela oposição – está hasteada em frente à representação diplomática.
O comando-geral da Polícia Militar reforçou hoje a segurança na área que cerca a Embaixada da Líbia em Brasília. Sob a possibilidade de a oposição assumir o poder no país a qualquer momento e de o líder líbio ser deposto, os policiais militares decidiram redobrar a vigilância no local para evitar tumultos.
A segurança dos prédios e residências referentes às representações estrangeiras em Brasília é feita pelo 5º Batalhão Rio Branco da Polícia Militar. Na sexta-feira, o tumulto só acabou duas horas depois de negociações, após uma reunião entre dois diplomatas brasileiros da Coordenação-Geral de Privilégios e Humanidades do Ministério das Relações Exteriores e funcionários da representação.
A confusão começou durante o Eid Al Fitr – refeição noturna após um dia de jejum em decorrência do mês do Ramadã – quando funcionários da embaixada simpatizantes da oposição a Khadafi e um grupo de fieis ao líder iniciaram uma discussão sobre política. No mesmo momento, cerca de 30 manifestantes protestaram contra Khadafi e tentaram ocupar a representação diplomática.
O protesto se intensificou quando os manifestantes trocaram a tradicional bandeira verde, que é a oficial da Líbia, por uma usada pelo Conselho Nacional de Transição – comandado pela oposição. O filho do embaixador da Líbia no Brasil, Mutas Zubaidi, e dois seguranças armados reagiram aos manifestantes.
Edição: Talita Cavalcante