Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A intensificação da cooperação entre o Brasil e o Uruguai nas áreas de infraestrrutura e tecnologia foi a tônica da visita da presidenta Dilma Rousseff, ao Uruguai, hoje (30).
Ao lado do presidente José Mujica, Dilma afirmou que até o final do ano serão concluídos dois trechos da ferrovia que liga os dois países. "Ainda em 2011 deveremos reativar a conexão ferroviária que liga o Brasil ao Uruguai", disse a presidenta em declaração conjunta com o presidente uruguaio.
Os trechos a serem reativados ligam as cidades gaúchas Cacequi e Santana do Livramento que fica na fronteira com o Uruguai. "Esses trechos da ferrovia estarão prontos até o final do ano de 2011", garantiu a presidenta.
O Brasil é o principal destino das exportações uruguaias e também o principal fornecedor do país vizinho. Na declaração, Dilma enfatizou a necessidade de ampliar as trocas comerciais e ressaltou que o Mercosul foi fundamental para que o cone sul tivesse um crescimento acima das taxas mundiais nos últimos anos.
"Nós estamos comemorando 20 anos de existência do Mercosul. Consideramos que somos uma das regiões que mais cresceram no mundo e o papel do Mercosul nesse quadro ganha destaque", disse Dilma.
Em 2010, o intercâmbio bilateral ultrapassou US$ 3 bilhões, o que representou um aumento de 19,4% em relação ao ano anterior. O comércio foi equilibrado, com aproximadamente US$ 1,5 bilhão tanto de exportações quanto de importações provenientes do Uruguai.
Dilma ainda ressaltou a necessidade de afirmação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e de uma cultura de estabilidade democrática nos países da América do Sul. "Nós conseguimos uma grande integração no marco da Unasul, uma integração regional, pró-paz e que garante estabilidade e segurança para a América do Sul. Coincidimos na visão de um mundo multipolar, inclusivo, na qual a responsabilidade dos Estados grandes ou pequenos, seja determinada pela contribuição à paz, ao diálogo e não na sua capacidade de afirmação pela força ou pela ameaça do uso da força", declarou a presidenta.
Além da construção da ferrovia, Dilma também disse que o governo apoiará outros projetos de integração com o Uruguai. "Seguiremos adiante com os grandes projetos de integração física, basicamente integração logística e energética fundamentais para o desenvolvimento da região".
Entre os projetos está a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Jaguarão, trabalhos de dragagem, sinalização e balizamento para a implantação de 1,2 mil quilômetros de hidrovia ligando os dois países. A hidrovia, de acordo com a presidenta, ligará a Lagoa Mirim à Lagoa dos Patos.
Para a integração no setor de energia elétrica, Dilma defendeu a criação de um novo marco jurídico para reger a relação entre os dois países. "Vamos criar também um marco jurídico adequado para o aumento do intercâmbio de energia elétrica. Esse marco tem uma característica de tentar uma relação estruturante, a longo prazo, entre o Brasil e o Uruguai no quadro de energia elétrica e ao mesmo tempo vamos resolver nosso problema de curto prazo, assegurando ao Uruguai a segurança de que o Brasil pode fornecer na área energética".
O Uruguai compra energia brasileira. Um dos projetos anunciados por Dilma é a construção de uma linha de transmissão de 500 quilovolts (kV) que vai interligar o Brasil com o Uruguai. Essa linha, que segundo Dilma ficará pronta no próximo ano, interligará Candiota, no Rio Grande do Sul, a San Carlos, cidade próxima a Montevidéu. O projeto será desenvolvido pela Eletrobras em conjunto com a UTE, uma empresa uruguaia.
A cooperação na área de tecnologia, de acordo com a presidenta, também foi uma prioridade da visita. "O presidente Mujica e eu decidimos também expandir os horizontes temáticos de nossa agenda bilateral, criamos um mecanismo novo para coordenar os esforços de cooperação no campo da ciência e da tecnologia. Vamos apoiar projetos de desenvolvimento conjunto nos campos da biotecnologia, da nanotecnologia, de tecnologia da informação".
Edição: Rivadavia Severo