Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff cobrou hoje (19) do presidente do Estados Unidos, Barack Obama, o fim de barreiras protecionistas a setores produtivos da economia americana, como condição para intensificar relações comerciais entre os dois países. Em declaração conjunta à imprensa no Palácio do Planalto, Dilma citou setores como o de biocombustíveis, especificamente o etanol, exportação de carne, algodão, suco de laranja e aço, produtos brasileiros que precisam enfrentar sobretaxas para entrar nos Estados Unidos.
“Somos um país que se esforça para sair de anos de baixo desenvolvimento. Por isso buscamos relações comerciais mais justas e equilibradas. Para nós, é fundamental que sejam rompidas as barreiras que se erguem contra nossos produtos”, defendeu a presidenta.
Dilma disse ainda que está preocupada com os “efeitos agudos gerados pelas crises recentes”, mas que reconhece os esforços feitos pelo presidente Barack Obama para dinamizar a economia norte-americana, abalada pela crise dos últimos anos.
“Preocupam-me os efeitos agudos decorrentes dos desequilíbrios econômicos gerados pela crise recente. Compreendemos o contexto dos esforços empreendidos por seu governo para a retomada da economia americana, algo tão importante para o mundo.”
O tom do discurso foi classificado pela própria presidenta como de franqueza. “Se queremos construir uma relação de maior profundidade, é preciso também com a mesma franqueza tratar de nossas contradições”, disse Dilma que chegou a falar da necessidade de “apreender com os erros”, ao tratar da necessidade de reforma dos fóruns internacionais. “Preocupa-me igualmente a lentidão das reformas nas instituições multilaterais que ainda refletem um mundo antigo” disse a presidenta.
Dilma citou a ampliação da participação de países emergentes como o Brasil no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI), mas ressaltou que foram mudanças “limitadas e tardias”, se olhadas sob o contexto da crise econômica. A presidenta afirmou que o pleito do Brasil de ter assento permanente no Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU) não é movido pelo “interesse menor da ocupação burocrática dos espaços de representação”.
“O que nos mobiliza é a certeza de que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e harmonia entre os povos. Mais ainda, senhor presidente, nos interessa aprender com os nossos próprios erros”, disse a presidenta. “Foi preciso uma gravíssima crise econômica para mover o conservadorismo que bloqueava as reformas das instituições financeiras”, ressaltou.
Edição: Juliana Andrade