Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Dados referentes às emissões e ao armazenamentode gás carbônico pela Floresta Amazônica necessitam de mais precisão paraque o país possa estabelecer de forma adequada as políticas de proteçãoambiental e de valorização florestal e, ainda, conhecer opapel da região no cenário global das mudanças climáticas. A constatação é dopesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Programade Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), Júlio Tota.Para ele, a atual absorção de carbono pela floresta pode ser inferior à estimativa de grande parte da comunidade científicainternacional. “As atuais medições são feitas como há 50 anos e não consideram todas asvariáveis que podem influenciar no resultado sobre estoque e emissão de carbonopela floresta”, explicou o cientista à Agência Brasil. A constatação de Tota é resultado de quase uma década de pesquisas, em especialnos últimos seis anos, quando acompanhou o monitoramento das trocas gasosasexistentes entre a biosfera e a atmosfera na Amazônia, feitas com ajuda detorres micrometeorológicas do Programa LBA. Ainda segundo o pesquisador, aexpectativa é que, com a implementação do projeto Atto (sigla em inglês paraTorre Alta de Observação da Amazônia) – prevista para 2010 – oBrasil alcance a almejada precisão dos dados sobre o estoque e a emissão de carbono.O projeto prevê a construção e instalação de uma torre com 300 metros de altura na Reserva Biológica do Uatumã, na região da Hidrelétrica deBalbina, a cerca de 150 quilômetros de Manaus. A estrutura da torre terá sensores para monitorar deforma contínua, por exemplo, as condições meteorológicas e alguns fatores comovelocidade do vento e umidade. No local, além da torre principal de 300 metros,haverá outras quatro torres meteorológicas - de cerca de 70 metros cada uma -voltadas para a medição de fluxos menores. As torres vão ajudar o país a tirarconclusões sobre o papel da floresta no processo de aquecimento global. Oprojeto ATTO deve custar ao Brasil e à Alemanha cerca de 8,4 milhões de euros.Tudo será realizado por meio de parceria entre os governos do Brasil e daAlemanha, sob coordenação do Inpa e do Instituto Max Planck de Química, dopaís europeu. O modelo da torre principal (300 metros) está baseado em um similarexistente na Sibéria (Rússia). O projeto foi concebido para fornecer dadosdurante 30 anos.“O local foi escolhido porque é uma área preservada, com disponibilidade deenergia elétrica, mas com todas as características de floresta que precisam sermonitoradas”, acrescentou Tota. Desde 1994 - quando o Brasil fez o último inventário sobre as emissões degases de efeito estufa – não se sabe exatamente quanto de gás carbônico écolocado na atmosfera pela floresta. Um novo estudo está sendo feito peloMinistério da Ciência e Tecnologia, mas somente em 2010 a população deveconhecer as atualizações. Dados da Universidade de São Paulo (USP) apontam que, nos últimos 15 anos, as emissões de gases doefeito estufa no Brasil cresceram cerca de 17%.“O que queremos verdadeiramente descobrir é como a floresta vai se comportarnos próximos 30 anos. Isso vai nos ajudar a saber com precisão dados sobre aabsorção de carbono, por exemplo, e como os serviços ambientais poderão serpraticados a partir desse sistema preservado”, disse Tota.