Amazônia é um dos principais destinos de refugiados colombianos

17/07/2009 - 13h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A Colômbia jáocupa a quinta posição no ranking dos paísescom maior número de refugiados no mundo, segundo o AltoComissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).Em 2008, de acordo com levantamento do Acnur, 34 mil pessoasdeixaram o país em busca de melhores condiçõesde vida. Por causa da proximidade, muitas delas escolhem o Brasilcomo destino. A porta de entrada no território brasileiro éa Amazônia, mais especificamente o município deTabatinga, no extremo oeste do Amazonas, a 1,1 mil quilômetrosde Manaus.Os dados foramdivulgados ontem (16), em Manaus, durante a 61ª ReuniãoAnual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência(SBPC), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Os quatroprimeiros lugares no ranking de refugiados são,respectivamente, Afeganistão, Iraque, Somália e Sudão.De acordo com o oficialde proteção do Alto Comissariado das NaçõesUnidas (Acnur), Gabriel Godoy, a América Latina tem umtrânsito intenso de pessoas nas áreas de fronteira. Nocaso específico dos limites entre Colômbia e Brasil,pelas cidades de Letícia e Tabatinga, respectivamente, afacilidade se dá pela “normalidade” em atravessar as ruase cruzar a fronteira entre os dois países, sem necessidade deapresentação de passaporte ou qualquer outro documento.“As pessoas quedeixam seus locais de origem o fazem por questões diversas,mas sobretudo buscando melhores condições de vida.Parte delas são migrantes, ou seja, pessoas que realizam odeslocamento espontâneo, podendo ser documentado ou irregular.Os outros são refugiados, que por medo de algum tipo deperseguição, seja por motivo religioso, guerra ou outroqualquer, sentem-se obrigadas a sair de seu país e procurarproteção em outro território”, explicou Godoy.O levantamento do Acnurcomprova que o maior efetivo de refugiados na Amazônia éproveniente da Colômbia. São pessoas se sentem ameaçadaspelas ações de guerrilheiros no país. Entreeles, estão os povos indígenas, afro-colombianos,crianças e mulheres chefes de família. Os númerosnão são precisos porque muitos delas têm medo depedir ajuda e preferem viver de forma clandestina nas comunidadesmais isoladas da região.A Pastoral do Migranteno Amazonas estima que pelo menos 1,2 mil migrantes, entre elesrefugiados, sejam atendidos por ano na instituição. Emmaio deste ano, o governo colombiano calculava que mais de 3 milhõesde pessoas haviam deixado seus lares. A fragilidade na fiscalizaçãonos rios amazônicos também facilita a entrada deestrangeiros no Brasil pelas vias fluviais - as verdadeiras“estradas” na Amazônia.Apesar da procura pelaAmazônia, o principal país procurado pelos colombianosnão é o Brasil, mas sim a Venezuela. “É maisfácil para o colombiano reconstruir a vida em lugares quefalam a mesma língua que eles, como a Venezuela e Equador.Esses dois países são os que recebem mais colombianospor ano e também têm mais semelhanças com acultura da Colômbia em relação ao Brasil. Aindaassim, é inegável que a facilidade de trânsitoentre Letícia e Tabatinga favorece a entrada dos refugiados noBrasil. São mais de mil quilômetros de fronteira”,acrescentou Godoy.Para MárciaOliveira, uma das coordenadoras do Grupo de Estudos Migratóriosda Ufam, o Brasil precisa de uma política específicapara refugiados. “Infelizmente, os refugiados não confiamtotalmente no Acnur e na Policia Federal e por isso preferem serclandestinos. Romper com essa invisibilidade é o grandedesafio para o Brasil. Governos e sociedade ainda não seconscientizaram do drama que vivem essas pessoas”.Ainda segundo os dadosdo Acnur, aproximadamente 25 milhões de pessoas se encontramem todo mundo, hoje, sob proteção da instituição.Desse total, 10,5 milhões são refugiados. O Brasil temreconhecidos 4,3 mil refugiados.