MPF no Pará vai pedir suspensão das buscas no Araguaia

13/07/2009 - 17h08

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O MinistérioPúblico Federal no Pará anunciou hoje (13) que vaipedir a suspensão das buscas no Araguaia devido à falta departicipação dos parentes dos desaparecidos. Osprocuradores da República em Marabá tambémexigem que os militares que combateram os guerrilheiros sejam ouvidos. O pedido de suspensãoserá encaminhado por meio de ofício da ProcuradoriaGeral da República ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. Deacordo com nota divulgada pelo MPF, o ofício a ser encaminhadoa Jobim é a segunda tentativa do MPF de paralisar as buscas egarantir o depoimento de militares ainda vivos, que tenham participado darepressão à guerrilha. No final de junho, uma petiçãoda procuradora da República Luciana Loureiro, de Brasília,solicitou à Justiça Federal que ordenasse essasprovidências, mas até agora não houve resposta.“A falta deinformações sobre as operações e asdeclarações do ministro Nelson Jobim à imprensa,negando a participação de parentes e do próprioMPF no acompanhamento das buscas, vêm causando preocupaçãonas famílias dos desaparecidos e nos procuradores da República,que atuam no Pará”, destacou a nota divulgada hoje.Na semana passada,Jobim alegou que os parentes não poderiam ser inseridos nogrupo que supervisionará os trabalhos, por eles representaremparte na ação que condenou a União a realizar asbuscas em um prazo de 120 dias. O Ministério da Defesa evitou comentar a decisão do MPF. Segundo a assessoria do ministério,o ministro só vai se pronunciar caso haja umasentença da Justiça sobre o assunto.De acordo com o documento,assinado pelos procuradores Tiago Rabelo e André Raupp, “todae qualquer medida efetiva de campo, se não articulada de formaabsolutamente cautelosa e transparente pelo Exército,implicaria déficit democrático das medidas e poderiaacarretar receios e suspeitas por parte dos representantes dasfamílias dos guerrilheiros, entidades de defesa de direitoshumanos e, enfim, de toda a sociedade civil". O documento a serencaminhado ao ministro defende que, na ação, sejagarantida a participação de todos os interessados e queas buscas sejam acompanhadas de ampla divulgação demotivos, organograma de atividades, relação deintegrantes e suas respectivas atribuições.Os procuradores aindaavaliaram que a sentença, transitada em julgado, que deve serexecutada pela União, determina que as buscas sejam conduzidasde maneira totalmente diferente do que vem acontecendo.De acordo com o MPF asentença determinou que “fosse feita rigorosa investigação,para construir um quadro preciso detalhado das operaçõesrealizadas na guerrilha, devendo para tanto intimar a prestardepoimentos todos os agentes militares ainda vivos que tenhamparticipado de quaisquer operações”, diz a nota.