Revolução de 32 acabou esquecida, diz historiador

09/07/2009 - 7h28

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Revolução de 1932, em São Paulo, foiuma das etapas da luta pela democracia no Brasil, mas acabou caindono esquecimento. A avaliação é do historiador Marco Villa,estudioso do movimento.

A lutados paulistas contra o governo de exceção estabelecidopor Getúlio Vargas, reaparece como um “momento importante dahistória política do país”, com a criação,em 1997, do feriado estadual de 9 de julho, explicou Villa.

Nessadata, eclodiu em São Paulo a luta pela convocaçãode uma assembleia constituinte. Vargas governava desde 1930 emum regime revolucionário, com a Constituiçãorevogada. Segundo o historiador, “esses valores de Constituiçãoe democracia são uma espécie de tesouro de 32”.

Alexandre Hecker, da Universidade Estadual de São Paulo, concorda que o movimento de 32 é “simbolicamente ummarco na luta para conquistar um Estado de Direito”.

Naavaliação do historiador, o movimento foi causado pelainsatisfação da elite paulista e de parte da classe médiacom o governo estabelecido por Vargas. “O trabalhador aguardavauma reforma das relações trabalhistas, que viria comGetúlio Vargas”, considerou.

Segundo Hecker, conflito armado decorrente da revolta desses setores da sociedadefoi o mais importante no qual o país seenvolveu no século 20, “ao lado da Segunda GuerraMundial”.

Alémde reivindicar a elaboração de uma Constituição, arevolução foi “uma tentativa de retomada daimportância que o estado de São Paulo tinha na RepúblicaVelha”.

Osacontecimentos de 32 ganham mais relevância se analisados nocontexto do que se passava no mundo . Nos anos 30, diversos países,como Alemanha, Itália, Rússia e Portugal, viviam sobregimes ditatoriais. “Nós temos um país e umaconjuntura nos anos 30 marcada pelo autoritarismo e totalitarismo, eaqui nós estamos falando em democracia, voto e assembleiaconstituinte”, ressaltou Marco Villa.

“Amemória histórica muito frágil” do Brasil foium dos motivos apontados por Villa como causadores do esquecimentoda revolução. Outra razão seria o caráter de oposição do movimento ao presidente Getúlio Vargas,personagem consagrado no imaginário nacional por feitos como acriação da legislação trabalhista.

Aapropriação da memória de 32 por “setoresultraconservadores da elite política paulista” na décadade 40, com o objetivo de fortalecer um discurso “antivarguista”,consolidou essa situação.

Apesarde acabar derrotada em outubro do mesmo ano, vários ideais revolucionários foram incorporados nas eleiçõesde 1933 e na Constituição elaborada em 1934. “Essaquestão de você ter voto secreto, voto da mulher, umaassembleia constituinte,é  acontecimento importante em um país marcado pela supressão das liberdades”,destacou Villa.