Bonecos gigantes, tradição do carnaval pernambucano

18/02/2009 - 13h35

Ivy Farias
Enviada Especial
Recife e Olinda (PE) - Foi em 1939 que surgiu,entre os foliões do carnaval de Olinda, o Homem da Meia-Noite, um boneco de mais de 3 metros de altura. Ele foi o pioneiro em umatradição que começou como uma grande brincadeirae se tornou símbolo do carnaval de Pernambuco.O Homem da Meia-Noitesurgiu pelas mãos dos artistas plásticos Anacleto eBernadino da Silva. “Em 1969, acharam que o Homem da Meia-Noiteestava muito sozinho e criaram uma companheira para ele”, lembrou oartista plástico Silvio Botelho.Assim, nasceu a Mulherdo Dia. Os dois nunca se encontravam por causa dos horáriosque saem para desfilar. “Eles se ‘viram’ pela primeira vez emuma oficina de conserto e ‘fizeram’ o Menino da Tarde”,acrescentou Botelho.Mesmo com os avançostecnológicos, os bonecos gigantes de Olinda continuam“nascendo” de forma artesanal, disse Botelho à AgênciaBrasil. “Hoje, fazer um boneco dá o mesmo trabalho queantigamente. A diferença é que hoje um boneco, queantes pesava 30 quilos, sai do atelier com 10 [quilos]”,comentou o artista plástico, criador do terceiro bonecogigante de Olinda, o Menino da Tarde.Para o artistaplástico Jovenildo Bezerra da Silva, o Camarão, atecnologia ajuda no processo de criação. “Procuro asfotos de pessoas na internet para criar os bonecos”. Esteano, ele usou um programa de buscas na rede para achar fotos dopresidente americano Barack Obama. “Vi várias fotos delepara compor o rosto.”Segundo Botelho, otempo para confeccionar um boneco varia de 15 dias a um mês.“Faço o molde na argila. Depois, moldo com fibra, resina euso massa plástica”.Os artistas de Olindanão vivem apenas de carnaval. Eles trabalham o ano inteirocriando as obras para empresas e eventos. “Já viajei para osEstados Unidos, México, Cuba, Argentina e Françalevando os bonecos”, contou Botelho. O preço das obras variade R$ 3 mil a R$ 30 mil.Botelho se define comoum guardião desses personagens da folia pernambucana, porquecuida da manutenção dos bonecos mais tradicionais deOlinda em seu atelier. “Todo ano, pinto e faço algunsajustes neles”.O artista plásticoaprendeu sozinho as técnicas, mas faz questão detransmitir para os outros a arte de confeccionar bonecos. Camarãoé um dos aprendizes de Botelho: “Comecei trabalhando com oele e há 17 anos faço meus próprios bonecos”.Para Botelho, criar osbonecos gigantes é uma missão importante para manter afolia de Momo em Olinda. “Não há carnaval semboneco.”