Crise reduz fusões e aquisições de empresas

05/02/2009 - 14h25

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A escassez de créditocausada pela crise financeira reduziu em 14,7% o valor das fusõese aquisições de grandes empresas nacionais realizadas em 2008. Segundoestudo divulgado hoje (5) pela Associação Nacional dosBancos de Investimento (Anbid), no ano passado, foram concretizadas94 negociações, totalizando R$ 100,4 bilhões,contra 125 concretizadas no ano anterior, com valor total de R$ 117,8bilhões.Em entrevista coletiva, a coordenadora da subcomissãode fusões e aquisições da Anbid, CarolinaLacerda, afirmou que cerca de uma em cada cinco compras ou fusõesplanejadas para 2008 deixaram de ocorrer pela dificuldade dasempresas captarem crédito.“A partir do segundo semestre, o crédito secou e o mercadoparou”, disse ela.Apesar da redução no volume de operações,Lacerda classificou o ano de 2008 como bom para as negociaçõesentre empresas brasileiras. “Tivemos um ano de grandes operaçõese de transformações no cenários econômicoe na indústria como um todo”, afirmou ela.Destacaram-se entre asmaiores operações do ano, a fusãoentre a BM&F e a Bovespa, que envolveu R$ 34,6 bilhões ecriou uma das maiores bolsas de valores do mundo; e também avenda da participação da siderúrgica CSN naNamisa por R$ 7,2 bilhões.Outros negóciosanunciados em 2008 ainda não entraram na conta da Anbid, porque não foram concluídos. Entre as operaçõesque só devem ser computadas em 2009estão a fusão dos bancos Itaú e Unibanco, queenvolve R$ 106,9 bilhões, a aquisição da Brasil Telecompela Oi por R$ 5,9 bilhões; e a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasilpor R$ 5,4 bilhões.Carolina afirmou, noentanto, que, tirando as operações jáanunciadas, o ano de 2009 deve ser de nova redução novalor das aquisições e fusões. Prejudicadonovamente pela escassez de crédito, que deve perdurar nosegundo semestre, o volume de negócios deve ser ainda menorque o de 2008. “Fusão eaquisição só são feitas por necessidade eoportunidade”, afirmou ela. “Com essa crise, o que mais se vêé necessidade. Quem está bem está com medo, deveficar quieto e esperar.”Ainda sobre 2009, Carolina afirmou que os negócios devem se concentrarprincipalmente nas área mais afetadas pela crise econômica:financeira, construção civil, agronegócioe comércio varejista. “As empresas desses setores terãode se virar para se manter no novo cenário.”De acordo com Carolina, asnegociações devem causar uma maior concentração do mercado nesses segmentos. Entretanto, essa concentração deve criar empresas nacionais mais competitivas no mercadointernacional. “Sem dúvida, em 2009, veremos o nascimento deempresas mais fortes.”