Movimento na rodoferroviária e aeroporto de Brasília é grande, mas tranqüilo

20/12/2008 - 13h43

Daneil Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Omovimento de pessoas que deixam Brasília, embora grande, temsido relativamente tranqüilo neste sábado (20) que antecede o natal. Os incidentes, na maioria das vezes, são provocadospelas pessoas que deixaram para comprar a passagem na últimahora. No Aeroporto Juscelino Kubitschek, mesmo com longas filas,não há qualquer sinal que lembre o apagão aéreo do ano passado,quando muitas pessoas tiveram que dormir no chão àespera do vôo.

No rodoferroviária, o movimento também égrande. As filas nos guichês das empresas transportadoras têm, em média, 50 pessoas. Algumas passam pela cidade apenas para trocar de ônibus.

A cozinheira Laura de Lurdes Silva aguardava a chance de embarcar, mas sem sucesso. Com fisionomia abatida, ela reclamou que deixou o estado doeMato Grossoontem (19), em companhia do marido, na esperança de chegar emBrasília e seguir viagem para Montes Claros, no norte de Minas. Não tevemuita sorte, pois foi informada que só há vaga nos ônibus que seguempara a cidade no dia 24, véspera do natal. "A gente vai ver se encontra passagempara uma cidade próxima, como Paracatu ou JoãoPinheiro. De lá, vai viajando a prestação",afirmou.

Arodoferroviária da capital não oferece qualquer tipode conforto a quem desembarca ou permanece no local por algumashoras, como Laura Silva. Orlindo Pereira, que deixou a Bahiacom destino a São Paulo, teve que ser socorrido àspressas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência(Samu). Com a pressão alta, teve que ser medicado pelosparamédicos dentro da ambulância e ficou em observaçãoaté a hora do embarque.

Segundo aauxiliar de enfermagem Patrícia Dias, que atendeu o passageiro,o estresse do período, a viagem cansativa e a alimentaçãoinadequada têm levado a quadros desse tipo. "Nós nosdeparamos com várias ocorrências, principalmentehipertensão e taquicardia, não só nesta épocado ano", acrescentou.

Esse nãoé único problema de quem pretende deixar Brasílianesta época do ano. Quem pensa que overbooking (venda de passagens acima dos assentos disponíveis) só ocorre na aviação está enganado.Às 10h20 de hoje, um ônibus da Empresa NovoHorizonte, que deixaria Brasília às 9h com destino aPirapora (MG), não saía da plataforma porque a empresa vendeu mais passagens que o número de lugares.

Indignada,Maria Antonio Rodrigues da Silva, auxiliar de serviços gerais,protestava e dizia que o ônibus não deixaria o local seela não conseguisse viajar, já que comprou a passagempara aquele horário e quando chegou tinha outra pessoa emsua poltrona. "Eles dizem que vão resolver, resolver,resolver, mas desde as 9h que a gente está aqui esperando, masnão resolvem".

Foinecessária a intervenção do fiscalda Agência Nacional de Tranportes Terrestres (ANTT), quase duas horasdepois do horário de partida do ônibus. Único fiscal da ANTT no local, MauroAndrade aplicou duas multas - uma por atraso, no valor de R$ 212, e outra, de R$208, porque a empresa vendeu mais passagens do que assentos.

Naplataforma de desembarque, que fica no subsolo, a situação era crítica. Uma passageira que não quis se identificarreclamava do mau cheiro.

Eliane Mary, que foi buscar a mãe, se disse decepcionada. "Porser a capital do país, é a pior rodoviária. A gente viaja pelos outros estados, mais simples e que recebemmuito melhor as pessoas. Logo que cheguei aqui, disse que deveriamtrazer o Lula e o Arruda [o governador do DF, José Roberto Arruda] para eles verem as necessidadesdo povo".

Nas rodovias que dão acesso ao Distrito Federal, omovimento é tranquilo. Os agentes da Polícia RodoviáriaFederal no posto da BR-040, que liga o DF a Belo Horizonte e ao Rio de Janeiro, praticamente acompanhavam o fluxodos veículos, sem muita preocupação. Um agenteque não quis se idenficar disse que o problema maior deveocorrer no dia 24, quando muitas pessoas devem decidir pegar aestrada.

Noaeroporto de Brasília, dos 69 vôos previstos atéo início da tarde, 52 (75,4%) tinham registrado algum tipo deatraso. Até as 13h, 20 (29%)permaneciam fora do horário, segundo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero),  devido ao mautempo em aeroportos como Confins, em Minas Gerais. As filas eramlongas, com aproximadamente 200 pessoas, mas o atendimento parecia rápido.