Farmanguinhos completa 90 anos com dificuldades financeiras

11/12/2008 - 17h22

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Asolenidade que marcou, hoje (11), em Jacarepaguá, no Rio deJaneiro, os 90 anos de criação do Instituto deTecnologia em Fármacos, mais conhecido como Farmanguinhos, foide comemoração e reivindicações. Odiretor da unidade, Eduardo Costa, celebrou os avanços dolaboratório, que pertence à FundaçãoOswaldo Cruz (Fiocruz), mas lamentou que o Farmanguinhos estejapassando por problemas financeiros há dois anos, com 80% dostrabalhadores terceirizados e que não tenha capital de giro ouconta própria para reter recursos de vendas a terceiros.SegundoCosta, essa realidade se deve à inadequação daestrutura jurídica e ausência de marco regulatórioadequado à produção pública demedicamentos. “É impossível ser um agente públicocom a estrutura jurídica que nós temos. Nósprecisamos nos tornar uma empresa pública dentro da FundaçãoOswaldo Cruz. Nós queremos que se faça o que se chamaum novo marco de uma produção pública.”Oministro da Saúde, José Gomes Temporão, concordacom a necessidade de reforçar o quadro de pessoal deinstituto. “O Farmanguinhos hoje é um instituto dentro deuma fundação pública, a Fiocruz. Há 30,40 anos, quando ele era uma fábrica quase artesanal, essaestrutura era adequada. Hoje, com o desafio de fornecer medicamentospara o SUS [Sistema Único de Saúde], o modelojurídico e institucional não dá conta dessarealidade.”

Segundoele, o caminho ideal é transformar Farmanguinhos em umaempresa pública. “Não uma fábrica qualquer queproduz medicamento importado, mas uma planta que desenvolvatecnologia e estabeleça parcerias para criar conhecimento,novos produtos, novas tecnologias”.

Criada em1918, o Farmanguinhos começou produzindo quinino para combatera malária. Hoje, Farmanguinhos desenvolve pesquisas e fabricamedicamentos distribuídos gratuitamente à populaçãopelo SUS. Entre eles, medicamentos contra a tuberculose, a malária,a hanseníase e a hipertensão. Além disso, Farmanguinhos produz 17 medicamentos que compõem o coquetelcontra o HIV.

Aministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que participou dacerimônia e visitou a fábrica de Farmanguinhos, disseque o governo apóia as reivindicações da unidadee trabalhará para definir um novo modelo jurídico parao instituto. Ela também afirmou que este momento de crise épropício para se investir em tecnologia e na produçãona área da saúde, por meio de parcerias com empresaspúblicas e privadas, por meio do SUS.

“Acreditamosque uma das áreas estratégicas para o Brasil é ocomplexo industrial da saúde. Queremos aumentar nossacapacidade de gerar ciência e tecnologia em uma pareceria entreo setor público e setor privado e Farmanguinhos é umadas pontes para fazer essa boa parceria.”