Sindicalistas saem frustrados de reunião com ministro Mantega

10/12/2008 - 17h26

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em almoço com representantes das centrais sindicais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que vai anunciar nos próximos dias mudanças no cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, o ministro disse que já existe uma proposta, mas que ainda precisa de aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a resposta do governo não foi suficiente para animar os sindicalistas, que esperavam sair do almoço já com uma posição definida. Ao final do encontro, que durou mais de duas horas, o clima era de frustração. “Esperávamos que hoje fosse anunciada alguma decisão em relação à correção da tabela do Imposto de Renda e temos, na verdade, uma frustração, porque essa correção pode colaborar com um aumento de renda para os trabalhadores, mas o ministro da Fazenda disse que precisa ainda do aval do presidente da República para poder anunciar alguma medida relacionada ao reajuste da tabela de Imposto de Renda. Ele disse que vai fazer isso nos próximos dias. Vimos um monte de papel, mas não apresentaram nada oficialmente. Ele anunciou que será nos próximos dias, mas não disse quando”, disse o representante da CUT.O acordo firmado em 2006 para a correção da tabela estabelece um percentual de 4,5% para 2007, 2008, 2009 e 2010. No entanto, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), deve fechar o ano bem acima desse percentual. "Queremos a correção, no mínimo, pela inflação", disse o presidente da CUT. De janeiro a novembro de 2008, o INPC marcou 6,15%. Em 12 meses, até novembro deste ano, o INPC teve alta 7,20%. Já o representante da Força Sindical, Paulo Paulo Pereira da Silva, defendeu uma correção de 10% em 2009. Ela também se disse frustrado após a reunião, que contou com a participação do secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci. "Saímos com a cabeça meio inchada porque não tivemos nenhum compromisso específico do ministro", disse Paulinho.Além da mudança do percentual, as centrais reivindicam mudanças nas alíquotas. “Queremos uma progressividade maior. Quem ganha mais, paga mais e quem ganha menos, paga menos. Dessa forma, os trabalhadores terão condições de consumir produtos”, destacou.Outra proposta que esteve na pauta do encontro é a garantia de emprego que os sindicalistas esperam que o governo exija das empresas que recebem financiamentos de instituições públicas. De acordo com Artur Henrique, o ministro se comprometeu a conversar sobre o assunto com presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, em reunião que deverá ocorrer na próxima terça-feira. O governo se prontificou a formar câmaras setoriais para discutir como essas metas poderão ser implantadas.“O ministro colocou a dificuldade de se estabelecer propostas reais e diretas em relação a essa contrapartida social, mas, depois da nossa insistência, concordou que é preciso, naqueles setores econômicos que estão tendo algum tipo de benefício fiscal, promover câmaras setoriais com os trabalhadores, empresários e governo para se tratar dessa questão que chamamos de contrapartida social”, relatou.As demissões realizadas pela empresa Vale, na semana passada, foram usadas como exemplo para tentar convencer Mantega de que é necessária a exigência  da contrapartida dos empresários. “Não se pode admitir que uma empresa como a Vale, que recebe recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], do BNDES e do Previ, tenha como primeira reação demitir. Queremos que o governo assuma o compromisso de não emprestar dinheiro, de não conceder nenhuma desoneração para empresas que agem dessa forma”, destacou Artur Henrique.