Índios protestam em defesa da manutenção contínua da Raposa Serra do Sol

09/12/2008 - 17h06

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de50 indígenas moradores da Terra Indígena Raposa Serrado Sol (RR) participaram hoje (9) de uma manifestaçãoem frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), que retoma amanhã(10) o julgamento sobre a constitucionalidade da demarcaçãocontínua da reserva, com área de 1,7 milhão dehectares.Comfaixas e ao som de cantos típicos da etnias que vivem nareserva, o grupo pediu a manutenção da demarcaçãocontínua da Raposa e a retirada dos não-índiosque ocupam a área com grandes plantações dearroz.O tuxaua(cacique) Pedro Raposo está confiante e acredita que os ministros do STFseguirão o voto do relator, ministro Carlos Ayres Britto, que,durante a primeira parte do julgamento, em agosto, votou pelamanutenção da demarcação contínuada terra indígena. O julgamento foi suspenso pelo pedido devista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.“Vamosaguardar com esperança que o Supremo decida pela manutençãoda reserva, pelo nosso direito constitucional. Esperamos sairvitoriosos. O mais importante dessa questão é amanutenção da nossa cultura, do nosso modo de viver, doconhecimento tradicionais e cultural, da resistência que o povoindígena tem”, apontou.Amanhã,parte do grupo pretende acompanhar o julgamento de dentro do plenáriodo STF, mas a maioria deve permanecer do lado de fora do tribunal.“Vamos receber apoio de etnias indígenas de outros estadosdo país, estão vindo para cá para amobilização”, adiantou o cacique Dejacir Melquior.O líderindígena afirmou que a área da reserva é uma“terra sagrada” para os povos indígenas eque a demarcação contínua da reserva respeitadireitos previstos na Constituição a esses povos. “Épreciso tirar de lá os fazendeiros, grileiros, os garimpeiros.Eles dizem que sustentam a economia do estado, mas isso não éverdade. Nós também trabalhamos, temos criaçãode gado, plantamos milho, mandioca”, argumentou Melquior.O início da sessão do STF está previsto para as 9h. A retomada do julgamento começará com o voto do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.