Analistas não acreditam que Copom reduza taxa básica de juros

08/12/2008 - 23h51

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A reunião do Comitê dePolítica Monetária (Copom) começa hoje (9) com as mesmas incertezas do encontro anterior,em outubro, quando o colegiado optou por manter os juros básicos em 13,75%ao ano. A avaliação é do economista NewtonRosa, da Sul América Investimentos. Para ele e outros analistas de mercado, ainda não há clarezasobre do impacto da crise financeira internacional na atividadeeconômica brasileira e no câmbio. A alta do dólarfaz com que o investimento e a compra de produtos importados fiquemmais caros, o que pode gerar inflação, explicoueconomista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC.De acordo com os analistas, a crise deve levar o país a crescer menos no próximoano, o que reduz a inflação. “Ainda não sesabe até que ponto a descelaração econômicavai compensar a alta do câmbio”, afirmou Newton Rosa. O economista salientouque há sinais de redução atividade industrial,como divulgado recentemente, “mas não dá paraafirmar que a trajetória será de redução”. Outro fator que pode compensar a alta do câmbio é aredução dos preços das commodities no mercadointernacional, que vinha pressionado a inflação, no período anterior ao agravamento da crise financeirainternacional.No próximo ano,na análise do economista, após ter dados mais clarossobre o impacto da crise no Brasil, é possível que oCopom reduza os juros. Em novembro, houve sinais de que a inflaçãopode cair, por conta da descaleração econômica. O Índice de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA) ficou em 0,36 % em novembro, resultado 0,09 pontopercentual inferior à taxa registrada em outubro (0,45%). Noacumulado acumulado de janeiro a novembro deste ano, o IPCA alcançou5,61%. O centro da meta de inflação, perseguida pelo BCe medida pelo IPCA, é de 4,5%, com margem de dois pontospercentuais para mais ou para menos. Ou seja, o limite superior dameta é de 6,5%. O Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna (IGP-DI) também apresentou recuou emnovembro, mas influenciadao pela queda de preços no atacado.Mesmo com essas indicações deredução na inflação, Freitas também considera que o Copom não deve reduzirjuros para analisar melhor o comportamento do câmbio, que temestado muito “volátil”. “O Copom deve levar pelo menosdois meses para ver essa questão do dólar”, opinou. Além disso, naopinião de Freitas, o Copom deve esperar ainda para avaliar oimpacto das medidas para melhorar a liquidez (dinheiro disponívelcom facilidade no mercado). A crise levou à reduçãodo crédito e por isso o BC liberou compulsórios(depósitos que os bancos são obrigados a deixar no BC)e facilitou o redesconto (empréstimos da autoridade monetáriaàs instituições financeiras), na expectativa deestimular os financiamentos entre os bancos e para o setor produtivo.Outra medida adotada pelo Ministério da Fazenda foi oadiamento de recolhimento de tributos. Para Newton Rosa, essas medidas, para “desemboçar a liquidez emanter a economia atuando”, não são contraditóriasà política de juros a 13,75% ao ano. “Com a Selic, o BancoCentral está olhando à inflação. Ocompromisso dele é com a inflação”,argumentou.Na opinião de  Freitas, mesmo compressões para reduzir os juros, que veio até dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva, o BC não deveceder. “O Copom sempre resiste a pressões. É o papeldele. Cabe ao presidente do Banco Central [Henrique Meirelles]explicar o que fez e porque fez”, disse. A última reuniãodo Copom do ano inicia-se hoje à tarde e terácontinuidade amanhã, quando será anunciada a taxabásica de juros. A expectativa dos analistas de mercado éde manutenção da Selic.